A época mudou, a quase certeza absoluta mantém-se: um Liverpool-Manchester City continua a ser o melhor jogo de futebol do mundo da atualidade. Este sábado, aquelas que são teoricamente as duas equipas mais fortes do panorama europeu encontrava-se na Community Shield, a Supertaça inglesa, o primeiro troféu da temporada e também o primeiro grande teste de um ano em que ambos os conjuntos perderam peças importantes e contrataram nomes sonantes.
Ora, em Leicester, no King Power Stadium — isto porque Wembley está reservado para a final do Europeu feminino, este domingo, entre Inglaterra e Alemanha –, o campeão Manchester City defrontava um Liverpool vencedor da Taça de Inglaterra e da Taça da Liga. Durante o verão, os citizens perderam Fernandinho, que voltou ao Brasil, venderam tanto Gabriel Jesus como Zinchenko ao Arsenal e ainda Sterling ao Chelsea; em oposição, garantiram Erling Haaland, uma referência ofensiva que vai obrigatoriamente levar a mudanças na dinâmica tática, e também o médio Kalvin Phillips e o avançado Julián Álvarez. Do outro lado, os reds viram Mané seguir para o Bayern Munique e investiram uns potenciais 100 milhões de euros em Darwin, assegurando ainda o internacional português Sub-21 Fábio Carvalho.
UP THE REDS ✊????#CommunityShield pic.twitter.com/5yvIQsh9Sh
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Na antevisão da Supertaça, Guardiola mostrou-se confiante. “Estar aqui significa que alcançámos muito na época passada, por isso, é um privilégio ter esta chance de ganhar este troféu. Aproveitámos as férias, foi bom para relaxar e recarregar baterias, mas mal podemos esperar por voltar, a começar já com este jogo. O Liverpool é um rival incrível para nós. É uma grande honra competir com eles por troféus, porque eles são muito bons”, atirou. E Klopp seguiu a mesma linha de pensamento. “Existiria melhor maneira de começar a época do que com um Liverpool-Manchester City? Para todos nós, sortudos o suficiente para estar envolvidos de alguma forma, este é um jogo que tem sido inacreditavelmente intenso e de um nível incrível. Os três jogos que disputámos na época passada sublinharam tudo aquilo que importa nesta partida”, acrescentou.
Dentro de campo, nenhum dos treinadores surpreendia demasiado na escolha dos onzes iniciais. Guardiola prolongava a lógica da pré-época e lançava Haaland no ataque, apoiado por Grealish e Mahrez e com Foden no banco, Bernardo, Rodri e De Bruyne formavam o meio-campo e Nathan Aké fazia dupla com Rúben Dias no eixo defensivo, sendo que João Cancelo também era titular na esquerda da defesa. Do outro lado e sem o lesionado Diogo Jota, Klopp não apostava em nenhum reforço, com Darwin e Fábio Carvalho a serem suplentes, e Luis Díaz surgia no trio de ataque com Salah e Firmino. A única novidade, ainda que forçada, era mesmo na baliza: Adrián San Miguel era o guarda-redes eleito, já que tanto Alisson como Kelleher estão lesionados.
A first competitive start for @ErlingHaaland! ????#ManCity pic.twitter.com/DQ9QLiDWur
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Numa primeira parte em que ficou naturalmente claro que ambas as equipas ainda estão a acelerar os motores para a nova temporada, o Liverpool acabou por ser sempre o conjunto mais esclarecido, demonstrando uma naturalidade de movimentos e dinâmicas de que o Manchester City ainda não beneficia. Salah teve a primeira oportunidade, ao atirar à malha lateral (4′), e Ederson evitou o golo de Díaz (19′): os reds dominavam não só na transição, queimando as linhas defensivas dos citizens, como na própria posse de bola, começando a construir a partir do meio-campo e assentando no maestro Thiago Alcântara todo o desenrolar dos setores.
Dessa forma, o Liverpool acabou por chegar naturalmente à vantagem. Alexander-Arnold abriu em Díaz na esquerda, o colombiano fez a bola passar pelo obrigatório Thiago, que virou para o lado contrário para encontrar Salah, e o egípcio devolveu ao lateral direito, que atirou de primeira e em jeito para bater Ederson (21′). O Manchester City reagiu à desvantagem, com De Bruyne a atirar também à malha lateral (25′), mas nunca conseguiu propriamente causar grandes calafrios a Adrián. Haaland protagonizou alguns ataques mas nunca teve espaço para fazer a diferença e, ao intervalo e com a vantagem dos reds, ficava claro que a equipa de Pep Guardiola ainda está a adaptar-se a um sistema com uma referência ofensiva óbvia, não tendo ainda ferramentas para definir da melhor forma no último terço.
The assist ???? grabs one for himself!@TrentAA #CommunityShield pic.twitter.com/EZV6t5wQsL
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Nenhum dos treinadores mexeu ao intervalo e Mahrez teve a primeira oportunidade da segunda parte (47′), deixando a ideia de que o Manchester City queria ir atrás do empate o mais depressa possível. Uma lógica que o próprio Guardiola confirmou ainda antes da hora de jogo, tirando Grealish e Mahrez para lançar Foden e Álvarez, levando Klopp a responder com a entrada de Darwin para o lugar de Firmino na ótica de explorar o espaço que começava a aparecer na profundidade face à subida das linhas dos citizens.
O antigo avançado do Benfica teve uma enorme ocasião para aumentar a vantagem logo nos primeiros minutos que passou em campo, surgindo na cara de Ederson mas permitindo a defesa do guarda-redes brasileiro (64′). Numa fase em que o jogo parecia algo partido, essencialmente na zona do meio-campo, o City acabou por conseguir chegar ao empate: De Bruyne cruzou a partir da direita, Foden permitiu a defesa inicial de Adrián mas o espanhol largou a bola e não conseguiu evitar a recarga de Álvarez (70′). Guardiola reagiu com mais uma substituição, trocando De Bruyne por Gündoğan, e Klopp voltou a responder com as entradas de James Milner e Harvey Elliott.
A debut goal for Julián Álvarez ????#CommunityShield pic.twitter.com/8AfSWHuSPr
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The Egyptian ???? always delivers@MoSalah #CommunityShield pic.twitter.com/fjlhQXKmqM
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Já à beira dos últimos 10 minutos do jogo, Rúben Dias acabou por ser protagonista pelos piores motivos: Salah cruzou na direita, Darwin cabeceou e o central português intercetou a bola com a mão, com o árbitro da partida a assinalar grande penalidade após analisar as imagens do VAR. Na conversão, Salah não falhou e carimbou a vitória do Liverpool (83′). Os reds não deixaram fugir a vantagem e até a aumentaram já nos descontos, com Darwin a completar o primeiro jogo oficial com o primeiro golo oficial, ao bater Ederson de cabeça (90+4′).
O Liverpool conquistou a Supertaça inglesa, começando a nova temporada com o pé direito e deixando claro que, atualmente, é uma equipa mais coerente e consistente do que o Manchester City — nem que seja pelo facto de continuar a saber quem é e o que faz, ao passo que o conjunto de Guardiola ainda procura quem passou a ser.
Silencing the doubters ????@Darwinn99 is off and running for @LFC#CommunityShield pic.twitter.com/qLm9SN5sfO
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WELL IN, REDS ????????
2022 #CommunityShield winners ???? pic.twitter.com/NKQkfSRZva
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