Arthur e Bernardo Lima são gémeos e protagonizaram um caso raro, mas de sucesso, no Brasil. Os meninos, agora com três anos, nasceram siameses, ligados pela cabeça, a partilhar 15% do cérebro e uma veia que é considerada uma das mais importantes para o desenvolvimento humano. No dia 9 de junho, a nona cirurgia permitiu que fossem finalmente separados.

Antônio e Adriely, os pais dos meninos, foram surpreendidos com a notícia de que a terceira gestação da mulher não decorria com a normalidade das restantes. “Eles falaram que era uma coisa estranha. Não eram exatamente duas crianças perfeitas. Uma cabeça com dois corpos”, contou o pai dos meninos em entrevista ao portal de notícias brasileiro G1.

Ao sexto mês de gestação, as crianças nasceram unidades pelo cérebro. Dois meses depois, começaram a ser seguidos no Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer, onde foram submetidos a sucessivas intervenções médicas para que, lentamente, pudessem começar a ter uma vida autónoma.

“Estes gémeos enquadram-se na classificação mais grave, mais difícil e com mais risco de morte para os dois. Quando há 1% de chance, você tem 99% de fé”, confessou ao mesmo site o neurocirurgião Gabriel Mufarrej, responsável pelo caso clínico em questão.

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Foi então que, sete cirurgias depois, os médicos brasileiros contactaram o inglês Owasi Jeelani, que realizou a cirurgia que, ao fim de 23 horas, conseguiu mudar a vida das crianças e dos pais. A equipa médica, que rezou junta antes de entrar no bloco operatório, foi divida em duas cores — vermelha para o Bernardo e azul para o Arthur — pois “nada podia estar errado” e era preciso garantir que “cada movimento planejado” era bem executado.

Este caso foi considerado raro e um “triunfo da medicina”. Tem sido partilhado pelas redes sociais em todo o Brasil.

Os médicos acreditam que possam existir atrasos cognitivos no desenvolvimento das duas crianças mas consideram que os gémeos terão um futuro que ninguém esperava. Os pais, comovidos e aliviados depois de tantos anos passados em hospitais, acreditam que será uma recuperação lenta mas que as crianças terão um futuro feliz e saudável.

Eles já passaram por tanta coisa, já sofreram tanto. Eles são muito guerreiros. O nosso coração é só gratidão. O maior sonho é ver eles recuperados, com saúde e até com uma vida social como as outras crianças. Poder estudar, poder jogar bola.”