A China ameaçou com represálias, mas os Estados Unidos deverão ignorar os avisos vindos de Pequim. A presidente da Câmara dos Representantes norte-americana, Nancy Pelosi, deverá mesmo visitar a ilha da Taiwan durante a sua visita à região do Indo-Pacífico, avança a CNN internacional que cita fonte da Casa Branca e do governo de Taiwan.

Esta será a primeira vez em 25 anos que um líder da Câmara dos Representantes visitará Taiwan, numa altura em que as relações entre Washington e Pequim estão a atravessar um momento complicado. Segundo a CNN, Nancy Pelosi ficará a pernoitar na ilha, mas ainda não se sabe a data exata da visita. No seu périplo pelo Indo-Pacífico, a democrata visitará Singapura, o Japão, a Coreia do Sul e a Malásia.

Nancy Pelosi chegou esta segunda-feira a Singapura, a primeira paragem da sua visita oficial à Ásia, e fez questão de abordar o assunto com o primeiro-ministro do país, Lee Hsien Loong. Os dois líderes trocaram impressões sobre “as relações com o estreito (da Formosa)”, ou seja, entre a República Popular da China e Taiwan.

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A China tinha avisado, na semana passada, que adotará “medidas resolutas e fortes”, caso Nancy Pelosi se desloque a Taiwan. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Zhao Lijian, voltou, esta segunda-feira, a deixar bem claro que a visita da presidente da Câmara dos Representantes terá um “impacto político forte”.

“Gostaríamos de dizer aos EUA que a China está pronta para responder [à visita] e que o Exército de Libertação do Povo Chinês nunca ficará de braços cruzados. A China tomará contramedidas para defender a sua soberania e integridade territorial”, ameaçou Zhao Lijian, acrescentando que as medidas ainda estão a ser estudadas, isto se Nancy Pelosi “se atrever” a visitar Taiwan. “Vamos esperar para ver.” 

Nancy Pelosi começa digressão pela Ásia a falar sobre Taiwan em Singapura

Nancy Pelosi tem sido uma crítica acérrima da China ao longo de mais de três décadas no Congresso, chegando a exibir um cartaz na Praça Tiananmen, em Pequim, em memória das vítimas mortais na sangrenta repressão contra os manifestantes pró-democracia em 1989. Ficou ainda do lado dos manifestantes de 2019 em Hong Kong, tornando-a alvo de críticas do governo de Pequim.

A líder reforçou que é “importante mostrar o apoio a Taiwan”, sublinhando a simpatia bipartidária do Congresso americano ao território, dada a luta que tem travado contra Pequim ao estabelecer valores democráticos fundamentais e adotar políticas liberais, como a autorização do casamento homossexual e um aumento da rede da segurança social no país.