O Presidente Volodymyr Zelensky acusou esta quinta-feira a Amnistia Internacional de tentar “amnistiar” a Rússia e transferir a responsabilidade do agressor para a vítima: a Ucrânia.

“A agressão contra o nosso Estado não foi provocada, é invasiva e abertamente terrorista. E se alguém faz um relatório em que a vítima e o agressor são alegadamente o mesmo em algo, se algum dado sobre a vítima é analisado e o que o agressor esteve a fazer ao mesmo tempo é ignorado, isso não pode ser tolerado”, afirmou Zelensky no discurso diário.

O líder ucraniano sublinhou que não pode haver nenhuma condição em que um ataque russo na Ucrânia se torna justificado e denunciou a “seletividade” nos temas dos relatórios.

“E na prisão com prisioneiros de guerra em Olenivka? Não há relatórios sobre isso por alguma razão. Isto é seletividade imoral“, criticou. Zelensky referia-se ao ataque num estabelecimento prisional em Donetsk onde onde estavam detidos dezenas de ucranianos capturados após a queda de Mariupol, em maio. Segundo o último balanço das autoridades, 53 presos morreram e 75 ficaram feridos.

As críticas do chefe de Estado surgem após a Amnistia Internacional ter concluído que as forças ucranianas também colocam civis em perigo quando se estabelecem bases militares em zonas residenciais e lançam ataques a partir de áreas habitadas por civis.

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Amnistia Internacional conclui que forças de Kiev também puseram civis em perigo

Num comunicado divulgado esta quinta-feira, a organização não governamental salienta que estas táticas violam o direito internacional e tornam zonas civis em objetivos militares contra os quais os russos retaliam.

O chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kuleba, já se mostrou “indignado” com as acusações “injustas” da organização. Num vídeo publicado no Facebook, Dmytro Kuleba lança também acusações à Amnistia Internacional, criticando a ONG por “criar um falso equilíbrio entre o opressor e a vítima, entre o país que está a destruir centenas e milhares de civis, cidades, territórios, e o país que se está a defender desesperadamente”.

Ucrânia rejeita acusações “injustas” da Amnistia sobre perigos infligidos a civis

Também o conselheiro presidencial ucraniano Mykhailo Podoliak reagiu ao relatório, assegurando que “as vidas das pessoas” são “a prioridade” e que as populações das cidades próximas das frentes de combate estavam a ser retiradas.