Uma jornalista russa, Daria Aslamova, foi detida no Kosovo por suspeita de espionagem, informou o ministro do Interior do Kosovo, Xhelal Svecla, numa mensagem divulgada no sábado à noite.
Numa declaração publicada na rede social Facebook, o ministro garantiu que vários países provaram que Aslamova agiu, nos seus territórios, como espiã dos serviços militares secretos da Rússia e destacou que a jornalista divulgou propaganda a favor da ocupação russa durante a guerra na Ucrânia.
Segundo Xhelal Svecla, a jornalista tentou entrar no Kosovo uma semana depois das tensões “causadas pelas estruturas criminosas” no norte do país, e no mesmo dia em que “as mesmas estruturas criminosas lideradas pelo Presidente sérvio Aleksandar Vucic” dispararam contra a polícia.
Na semana passada, os sérvios bloquearam estradas no norte de Kosovo em protesto contra a tentativa das autoridades de forçá-los a usar cartas de condução e matrículas kosovares, em vez de sérvias, uma ação fortemente apoiada pela Rússia.
A coincidência entre a sua tentativa de entrar no país e o desenvolvimento da situação no norte mostra claramente a ligação à Rússia e à sua propaganda que visa, juntamente com a Sérvia, desestabilizar o nosso país”, disse Svecla.
As autoridades kosovares vão investigar minuciosamente as intenções de Aslamova no Kosovo, anunciou o ministro na mensagem publicada no Facebook, na qual publica fotos da jornalista a abraçar o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, e a sorrir ao Presidente sírio, Bashad al-Assad.
O ministro do Interior kosovar anunciou, na manhã deste domingo e também numa publicação na rede social Facebook, que declarou a jornalista Daria Aslamova como “pessoa indesejável na República do Kosovo“, estando “proibida de entrar no território durante cinco anos“.
“Quem, com certos propósitos ou diretivas, violar ou tentar desestabilizar o nosso país, enfrentará sem dúvida a força das leis da República do Kosovo”, acrescentou.
Desconhecidos dispararam no sábado contra uma patrulha policial kosovare — sem causar ferimentos — no norte de Kosovo, habitado principalmente por sérvios que não reconhecem as autoridades de Pristina.
Mais de uma centena de países reconheceram a independência do Kosovo proclamada em 2008, incluindo a maioria dos países da União Europeia, Estados Unidos e Reino Unido, mas não a Rússia, a China, a Espanha ou o Brasil.
O país dividido desde a guerra civil (1992-1995) e com permanentes tensões entre os líderes bosníacos (muçulmanos), sérvios e croatas, os três povos constituintes reconhecidos pelo Acordo de Dayton, vai realizar eleições legislativas em 02 de outubro.