Um dentista americano e caçador de animais de grande porte foi considerado culpado do assassinato da mulher num safari africano, em Zâmbia, no ano de 2016.

Segundo um júri federal, Lawrence Rudolph, de 67 anos, matou Bianca Rudolph, de 34 anos, com uma espingarda acertando diretamente no coração e cometeu fraude em várias companhias de seguros de vida ao receber quase 4,9 milhões de dólares (cerca de 4,8 milhões de euros) , avançou a CNN.

O julgamento de três semanas num tribunal federal em Denver, estado do Colorado, nos Estados Unidos da América (EUA) acabou com a condenação do dentista pelo assassinato de um cidadão americano num país estrangeiro e por fraude, apesar de Rudolph ter insistido na sua inocência e afirmado que a arma disparou acidentalmente.

“Eu nunca iria matar a minha mulher. Eu não podia matar a minha mulher”, repetiu Rudolph aos jurados no julgamento, na semana passada, segundo a CNN.

Durante a investigação foi descoberto um caso amoroso de Rudolph com Lori Milliron, no momento da morte da sua mulher, além de existirem mudanças nas apólices do seguro de vida de Bianca para o ano de 2016.

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Millirion, que foi julgada ao lado do namorado, admitiu que mantinham um relacionamento aberto e que viviam juntos desde 2017 até Lawrence ser preso no ano passado, explicou o seu advogado John Dill à CNN. Os documentos lidos em tribunal comprovam que estes já viviam juntos após três meses do tiroteio no safari.

Segundo o The New York Times, estas mudanças levantaram suspeitas de homicídio por interesses financeiros com objetivo de viver uma nova vida ao lado da namorada, que trabalhava como gerente na sua clínica odontológica.

Milliron foi considerada culpada de ser cúmplice no assassinato, de obstrução à justiça e de duas acusações de perjúrio. A Associated Press adianta que a mulher permanecerá livre com pulseira eletrónica sendo considerada inocente nos crimes de perjúrio, mas que os seus advogados irão continuar a tentar ilibá-la.

A pressa em cremar a mulher despertou suspeitas

O casal Rudolph, que vivia em Phoenix, estado do Arizona, tinha em comum a paixão pela caça de animais de grande porte, pelo que um safari em Zâmbia, no sul da África era a viagem ideal para os colecionadores de animais. Bianca Rudolph queria caçar um leopardo para a sua coleção e levaram consigo no passeio duas armas de caça: uma rifle Remington .375 e uma espingarda Browning calibre 12, especifica a CNN.

Após duas semanas no retiro, Bianca estava a fazer as malas quando uma explosão foi ouvida na cabana do casal, no Parque Nacional de Kafue. Rudolph teria explicado aos investigadores que ouviu o tiro fatal enquanto estava na casa de banho, acreditando tratar-se de um acidente da mulher enquanto arrumava as armas nos estojos. Numa fase inicial terá mesmo dito que a mulher se teria suicidado.

O facto de querer rapidamente cremar a mulher na Zâmbia, em três dias, despertou desconfianças no consulado norte-americano, refere o The New York Times . Para Larry, a trasladação internacional do corpo da esposa era inconveniente, mas a investigação declarou que o caçador já teria enviado animais de grande porte que caçava pelo mesmo processo, no passado. Segundo a CNN, o caçador ficou mesmo lívido quando descobriu que funcionários do consulado tinham fotografado o corpo da mulher para evitar que eventuais provas do crime fossem apagadas com a cremação do corpo.

Por outro lado, uma amiga de Bianca Rudolph pedu ao FBI que investigasse a morte já que era bastante improvável que a cremação tivesse sido a sua escolha em vida devido às suas crenças religiosas.

A polícia de Zâmbia teria determinado que “as precauções normais de segurança no ato de guardar uma arma de fogo não foram levadas em consideração, podendo efetivamente ter sido um acidente”, de acordo com um resumo lido em tribunal.

Não obstante, o F.B.I e o consulado dos EUA reconstruiram o cenário do tiroteio e determinaram a improbabilidade do acidente pois tudo indicava que Bianca teria sido baleada a cerca de dois metros, aponta o The New York Times.

A investigação culminou com a acusação de Lawrence e da amante e agora com a condenação dos dois. O dentista deve conhecer a sentença a 1 de fevereiro de 2023 incorrendo numa pena de prisão perpétua ou pena de morte por assassinato e 20 anos de prisão por fraude. Já Milliron saberá qual a sua pena no dia 8 do mesmo mês.

Após o veredicto final, o procurador do distrito do Colorado agradeceu, num comunicado lançado, pela diligência na investigação deste caso, afirmando que “a família de Bianca Rudolph merecia justiça esperando que este desfecho lhes traga a paz que precisam”, desenvolveu ao The New York Times.

Por outro lado, David Oscar Markus, um dos advogados de Lawrence Rudolph afirma “que continuará a tentar reverter esta decisão”. Dois dos filhos do dentista garantem acreditar na inocência do pai pelo que a equipa de advogados encontra-se “extremamente desapontada” com a decisão escolhendo acreditar em Larry, alcunha pela qual se dava, e na sua família, indica o mesmo jornal.