Flávio Massano, presidente da Câmara Municipal de Manteigas, onde já arderam mais de mil hectares no Parque Natural da Serra da Estrela, deixa críticas à estratégia de combate ao incêndio que deflagrou este sábado na Covilhã, sublinhando que existiu uma má gestão dos meios aéreos.

“Existiam dez meios aéreos destacados para esta zona e iriam ser uma ajuda muito importante para o combate ao incêndio, mas que efetivamente durante esta manhã, quando o incêndio galgou, do concelho da Covilhã para o concelho de Manteigas, não houve qualquer descarga. Todas as descargas foram feitas no concelho da Covilhã, nomeadamente numa zona mais próxima de Penhas da Saúde, onde passaria a Volta a Portugal mais tarde”, afirmou em declarações à Rádio Observador.

Incêndio na Covilhã já provocou área ardida de mil a 1.500 hectares. Expectativa é que fique controlado esta manhã

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“A verdade é que ficamos com sabor amargo. Porquê haver meios aéreos no território e nenhuma descarga ser feita numa zona que sabíamos que iria arder?”, questionou o autarca.

A terceira etapa da 83.ª Volta a Portugal em bicicleta manteve o seu percurso original, apesar do incêndio, mas para Flávio Massano “as coisas poderiam ter sido feitas de outra forma”, não rejeitando a ideia de que a etapa deveria ter sido adiada.

“A Volta a Portugal pode acontecer este ano, no próximo mês ou para o ano, esta encosta vai demorar 15, 20 ou 30 anos a recuperar. A Volta a Portugal para o ano voltará a passar, mas esta encosta, que para nós é o pulmão da Serra da Estrela, daqui a 15 ou 20 anos não está lá.”

Em declarações à SIC Notícias, o comandante dos Bombeiros da Covilhã, Luís Marques, explicou a estratégia de combate, dizendo que o fogo “vinha alinhado com o vento e a carga térmica era muito elevada” e, como tal, “os meios aéreos não conseguiram entrar nessa zona”. “O incêndio acelerou, os meios foram posicionados segundo o plano estratégico, mas não conseguimos controlar os fatores meteorológicos”, acrescentou ainda.