A subida dos salários continuou a não ser suficiente no segundo trimestre do ano para compensar a inflação. Como resultado, os salários sofreram cortes reais, em termos médios, de 4,6%, segundo dados divulgados esta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

No destaque divulgado, o INE revela que a remuneração bruta total mensal média por trabalhador subiu 3,1% no trimestre terminado em junho, face ao mesmo período de 2021, para 1.439 euros (tanto a componente regular como a base cresceram 2,5%). Mas com o efeito da inflação, houve um corte de 4,6% (ambas as componentes caíram 5,1%).

Estes números têm em conta os salários de 4,4 milhões de trabalhadores do público e do privado. E uma variação do índice de preços no consumidor de 8% no segundo trimestre.

A tendência de perda já vem de trás. No primeiro trimestre do ano, a remuneração bruta média mensal por trabalhador tinha subido 2,2%, para 1.258 euros, mas em termos reais, ou seja, com o impacto da inflação, caiu 2%.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Com o impacto da inflação, salário médio desce 2% no primeiro trimestre

Salários sobem mais no privado

A análise do INE revela ainda que no setor das administrações públicas, a remuneração total avançou, em termos nominais (sem o efeito da inflação) 1,4%, para 2.180 euros, em junho de 2022. No setor privado o ganho foi maior: subiu 4,4%, para 1.289 euros.

O INE justifica as diferenças no nível de salários com o “tipo de trabalho realizado” e as “qualificações dos trabalhadores que os integram”. Segundo o instituto, os trabalhadores da administração pública “têm, em média, níveis de escolaridade mais elevados: 54,3% dos trabalhadores neste setor tinham ensino superior (22,0% no setor privado), 25,5% tinham completado o ensino secundário ou pós-secundário (31,4% no setor privado) e 20,2% tinham um nível de escolaridade correspondente, no máximo, ao 3.º ciclo do ensino básico (46,6% no setor privado)”.

Já por setores de atividade, o maior aumento da remuneração total foi nas atividades de eletricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio, e o menor nas atividades de administração pública e defesa, Segurança Social obrigatória (0,1%) e nas atividades de saúde humana e apoio social (0,8%).

Foi nas empresas mais pequenas que o salário médio subiu mais (6,5% nas empresas com um a quatro trabalhadores; e 5,5% nas que têm cinco a nove trabalhadores) e nas maiores onde subiu menos (0,1% nas que têm entre 250 a 499 trabalhadores).