Cerca de 30 mil pessoas marcaram quinta-feira presença no arranque da 7.ª edição do festival lusófono O Sol da Caparica, certame que decorre até segunda-feira no distrito de Setúbal.

Depois de três anos de interregno, devido às restrições causadas pela Covid-19, organizadores, artistas e público não esconderam que o momento vivido no Parque Urbano da Costa de Caparica, num recinto de 10 hectares que tem capacidade para 35 mil espetadores por dia, foi especial e era há muito desejado.

Palcos de dança e eletrónica entre as novidades do festival O Sol da Caparica

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Zahir Assanali, do Grupo Chiado, empresa que é, a par da Câmara Municipal de Almada, responsável pela organização do evento, disse à Lusa que o facto de ter havido uma paragem forçada torna o momento atual mais recompensador.

Vivemos este festival com grande ansiedade porque é como se, depois de três anos de interregno, tivéssemos começado do zero. Ser o primeiro dia e termos 30 mil pessoas dentro do recinto dá-nos satisfação e alegria”, confessou.

Sentimento idêntico foi partilhado pelos vários artistas que passaram no primeiro dia pelos palcos de O Sol da Caparica, entre eles Virgul, Jimmy P, Clã, Fernando Daniel, Calema e Wet Bed Gang, que aludiu à interrupção do festival.

Sou da margem Sul, do Monte da Caparica. Quero sentir que estou em casa. É bom podermos finalmente estarmos todos de volta aqui depois de um período em que não o pudemos fazer”, disse o cantor.

A alegria e descontração vividas pelos festivaleiros foram evidentes, a começar pelo facto de já quase ninguém usar máscara e de não existir uma preocupação aparente com o distanciamento social.

José Pereira e Nélia Moreira, um casal da ilha de São Miguel que esteve no Parque Urbano da Costa de Caparica, entende a ânsia de liberdade.

Depois de um período em que a pandemia condicionou as nossas vidas, é inequívoco que as pessoas agora precisam de se libertar”, disse o açoriano de 60 anos à Lusa, enquanto aguardava pelo concerto de Miguel Ângelo no palco secundário Free Now.

“Gostamos do Miguel Ângelo desde o tempo dos Delfins. Outra das razões que nos levaram a cá vir foi o facto de todos os cantores presentes serem oriundos de países lusófonos e ouvirmos cantar em português”, disse.

José Pereira explicou que a realização de uns exames médicos esteve na origem da estreia do casal de Ponta Delgada no festival O Sol da Caparica.

Chegámos ontem (quarta-feira) e vamos embora segunda-feira. Comprámos o bilhete hoje (quinta-feira). É a primeira vez que vimos a este festival. Em princípio, vimos só hoje e depois voltamos aos Açores. Viemos fazer ao Continente um exame médico e aproveitámos para vir aqui”, contou.

Por residir na Costa da Caparica, Rita Alves, de 28 anos, não teve de viajar tanto para chegar ao recinto, com uma amiga, a irmã, e os respetivos namorados de ambas.

Vimos todos os anos ao festival O Sol da Caparica. É o único festival de verão que costumo frequentar, por isso, já tinha vontade de vir. Além de atuarem no festival artistas que nos interessam ver, a outra razão importante para cá vir sempre é o facto de estar perto de casa e poder vir a pé”, explicou.

Zahir Assanali, produtor do Grupo Chiado, acredita que a lotação do festival vai aumentar nos próximos dias.

A lotação máxima do recinto é 35 mil espetadores. A média por dia é 30 mil. O último e penúltimo dias do festival, domingo e segunda-feira, 14 e 15 de agosto, temos já 90 por cento da lotação máxima. Acredito que nessas datas iremos esgotar”, vaticina.

Instado a destacar as principais novidades da 7.ª edição, Zahir Assanali refere que a música eletrónica vai estar presente em todos os dias do festival e que a manhã de sábado será dedicada às crianças.

Temos um espaço de 10 hectares com muita ativação de marcas e, ao mesmo tempo, muito lazer. Temos quatro palcos, sendo um deles, de música eletrónica, novidade. A manhã de sábado é dedicada às crianças. Metade do valor dos bilhetes desta manhã será doada à Acreditar — Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro. Poder ajudar o próximo enche-nos de orgulho e satisfação”, afirmou.

No recinto, mantém-se o palco principal e o palco secundário, por onde vão passar os diversos nomes da música portuguesa, brasileira e africana.

“É o festival da lusofonia, de portugueses para portugueses. Isso satisfaz-nos, a nossa língua é rica e é o nosso orgulho. É especial o facto de ser em português. Não é melhor que os outros, mas este é o festival”, afirmou o produtor do Grupo Chiado.