Um motim numa prisão que fez dois mortos propagou-se rapidamente para as ruas de Ciudad Juarez, no estado mexicano de Chihuahua, onde alegados membros de gangues mataram mais nove pessoas, incluindo quatro funcionários de uma estação de rádio.
O aumento da violência lembrou um período muito mais mortal naquela cidade que faz fronteira com os Estados Unidos há mais de uma década. Os poderosos cartéis da droga do México costumam usar gangues locais para defender o seu território e realizar as suas vinganças.
O subsecretário de Segurança do Governo federal, Ricardo Mejía Berdeja, disse que a violência começou dentro do estabelecimento prisional depois das 13h00 (20h00, hora de Lisboa) na quinta-feira, quando um membro do gangue Mexicles atacou rivais do Chapos.
Dois presos morreram e 20 ficaram feridos.
Então, alegados membros de gangues começaram a queimar empresas e a espalhar violência em Ciudad Juarez.
Atacaram a população civil inocente como uma espécie de vingança. Não foi o confronto entre dois grupos, mas chegou ao ponto em que começaram a disparar sobre os civis, pessoas inocentes. Essa é a coisa mais infeliz neste caso”, disse o Presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador.
Ricardo Mejía Berdeja disse que quatro funcionários da MegaRadio que estavam a transmitir um evento promocional de uma empresa foram mortos num tiroteio.
O procurador-geral do estado de Chihuahua, Roberto Fierro Duarte, disse que um menino ferido num tiroteio numa loja de conveniência acabou por morrer mais tarde no hospital, duas mulheres foram mortas num incêndio noutro estabelecimento comercial de uma gasolineira e dois outros homens foram baleados noutras zonas da cidade.
Fierro Duarte indicou que 10 suspeitos foram detidos.
Alvejar civis no México não é inédito. Em junho de 2021, uma fação rival do cartel do Golfo entrou na cidade de Reynosa e matou 14 pessoas, que o governador identificou como “cidadãos inocentes”. Os militares responderam e mataram quatro presumíveis atiradores.
Ciudad Juarez tem uma reputação de violência. Gangues como os envolvidos no tumulto servem muitas vezes como representantes e agentes de segurança para os poderosos cartéis da droga mexicanos, que exercem de forma agressiva o controlo sobre as rotas de passagem de fronteira de que precisam para transportar os seus produtos para os Estados Unidos.
Embora ainda altos, os assassínios nos últimos anos ficaram bem abaixo do que os registados há mais de 10 anos — cerca de 1.400 no ano passado contra mais de 3.600 em 2010 — de acordo com dados da especialista em fronteiras reformada da Biblioteca da Universidade Estadual do Novo México Molly Molloy, que acompanha as informações sobre homicídios da cidade.