José Luís Carneiro anunciou que será realizada “uma avaliação às causas e à metodologia de combate” quando o incêndio da Serra da Estrela “estiver dado como extinto”, negando “que haja falhas no sistema de informações”. O ministro da Administração Interna, que falou aos jornalistas na Batalha este domingo, sublinhou que “desde 2017, todos sabem” que houve melhorias importantes “no conhecimento sobre os incêndios e na coordenação e cooperação entre todos os serviços e meios”, enaltecendo que Portugal tem “mais meios humanos, técnicos e financeiros” no combate aos incêndios.
Esta avaliação vai, também, aplicar-se a todos “aqueles 10% de incêndios que não são combatidos nos primeiros 90 minutos”, anunciou o ministro, revelando que a “secretária de Estado da Proteção Civil [Patrícia Gaspar] tem o despacho preparado” e que já “estão em curso investigações para detetar as causas de outros incêndios”.
O ministro referiu no entanto que esta avaliação não será uma prática nova, uma vez que desde 2017 tem vindo a ser desenvolvida por iniciativa da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil e da própria AGIF [Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais], que tem a responsabilidade de supervisão destas matérias”. A investigação também já tinha sido pedida por António Costa e por investigadores e organizações ambientalistas. Só que estas últimas defendem uma investigação independente, como a realizada na sequência dos fogos de 2017.
Incêndios. PM diz que fogo na Serra da Estrela deve ser estudado após terminar
A partir da Batalha, que assinala este domingo o dia do município, o ministro deixou ainda o aviso que ainda estamos a meio da época mais perigosa.
As condições meteorológicas vão manter-se muito exigentes, a seca no país é extrema. Estamos a meio daquilo que é um percurso que nos vai levar até ao inverno e até às chuvas. Os dias que vamos viver nas próximas semanas são muito exigentes para todos. Se formos todos capazes de cooperar, estaremos a contribuir para evitar esta tragédia dos incêndios”, alertou José Luís Carneiro.
O ministro revelou ainda que o país está pronto para “constituir uma equipa regular e permanente para desenvolver uma cultura de aprendizagem permanente” e que, em 2022, houve um reforço nos “mecanismos de inspeção e vigilância”, que resultaram, até este sábado, em “119 detidos”, que se traduz numa “taxa de detenção muito acima do dobro” do que foi registado “nos anos anteriores”.
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Guarda pede vigilância apertada aos reacendimentos e urgência na recuperação da serra
O presidente da Câmara da Guarda, Sérgio Costa, apelou este domingo a uma vigilância muito apertada para evitar reacendimentos de incêndios no concelho e urgência na implementação de um plano de recuperação da serra da Estrela.
Depois de o incêndio rural que deflagrou na tarde de sábado no concelho da Guarda ter sido dado como dominado às 07h19 deste domingo, continuam esta tarde as operações rescaldo nos fogos mais recentes, para as quais o presidente da autarquia pediu “uma vigilância muito apertada e forte”.
O vento continua a soprar, as temperaturas estão muito elevadas, não há humidade”, afirmou, a meio da tarde, sublinhando que “ao primeiro reacendimento os meios têm de acudir logo ao local, a começar pelos meios aéreos”, já que os incêndios no concelho deflagraram “em zonas muito íngremes, de muito difícil acesso ou [com acesso] quase inexistente”.
“É fundamental que os meios aéreos possam acudir logo em primeira instância a estes reacendimentos e, logo a seguir, quando possível, os meios terrestres”, insistiu Sérgio Costa, alertando que “é muito importante não abandonar o local”, sob pena de “durante os próximos dias haver aqui alguma propagação mais forte”.
O autarca disse à Lusa que na próxima semana vai ser intensificado o levantamento dos danos causados pelos incêndios recentes no concelho, adiantando que “há muito prejuízos, desde as casas de segunda habitação que arderam – seja em Videmonte, seja em Aldeia Viçosa – aos pequenos armazéns agrícolas que arderam e à grande mancha florestal que ardeu no Parque Natural da Serra da Estrela”.
No incêndio de Aldeia Viçosa, por exemplo, foram consumidas grandes quantidades de pasto para os animais. Sérgio Costa reivindicou, por isso, que “no mais curto espaço de tempo possa existir um verdadeiro Plano Marshall de recuperação do Parque Natural da Serra da Estrela”, apara apoiar os operadores turísticos e para que “as pessoas continuem cada vez mais a visitar o território, que, infelizmente, agora ficou mais debilitado”.
O incêndio que deflagrou na tarde de sábado no concelho, em Mizarela, e foi dado como dominado esta manhã, causou grandes preocupações em Aldeia Viçosa. Foram evacuadas a praia fluvial de Aldeia Viçosa e a povoação de Soida; e em Mizarela foi retirado grupo de 60 campistas em que foram levados para a Guarda.
Esta tarde, mantêm-se no terreno cerca de 360 operacionais, apoiados por perto de 100 viaturas e dois meios aéreos, segundo o site da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil. O município foi também um dos afetados pelo grande incêndio que fez arder, segundo dados oficiais provisórios, mais de 14 mil hectares na serra da Estrela. O fogo, que teve origem na Covilhã no dia 06, foi dominado após uma semana e ainda não foi considerado extinto, mobilizando também um dispositivo de socorro e segurança.