O custo com as evacuações médicas para Portugal suportadas pela segurança social cabo-verdiana aumentou quase 10,5% no primeiro trimestre do ano, para 1,2 milhões de euros, de acordo com dados oficiais compilados esta segunda-feira pela Lusa.

Segundo um relatório sobre os pagamentos assegurados de janeiro a março pelo Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), o custo global com o transporte e estada destes doentes em evacuações médicas entre as ilhas de Cabo Verde e para Portugal ascendeu a 210,8 milhões de escudos (1,9 milhões de euros), um aumento de 23% face ao mesmo período de 2021.

Entre aquele total, apenas com a estada de doentes enviados para tratamento em Portugal, o INPS — que gere as pensões e as contribuições sociais dos trabalhadores cabo-verdianos — gastou em janeiro, fevereiro e março 132 milhões de escudos (1,2 milhões de euros), quando nos mesmos meses de 2021 essa despesa foi de 119,6 milhões de escudos (cerca de um milhão de euros), traduzindo-se assim num aumento de praticamente 10,5%.

Cabo Verde pretende reduzir as necessidades de evacuações médicas para Portugal com a construção de um hospital nacional, na capital, obra orçado em 65 milhões de euros e que o Governo estima iniciar este ano.

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De acordo com os últimos dados do INPS disponíveis, Cabo Verde enviou para tratamento em Portugal, em 2021, um total de 249 doentes, um aumento de 11,2% face a 2020, chegando a 31 de dezembro com 585 pacientes em tratamento nos hospitais portugueses.

Segundo o INPS, as especialidades “mais solicitadas” para as essas evacuações médicas para Portugal, ao abrigo dos acordos de cooperação bilateral, foram oncologia (26,3%), cardiologia (22,7%), neurocirurgia (15,1%) e oftalmologia (8,8%), áreas em que o arquipélago tem falta de recursos.

O custo com as evacuações médicas para Portugal suportadas pela segurança social cabo-verdiana caiu para 495 milhões de escudos (4,5 milhões de euros) em 2021, quando no ano anterior foi superior a 511 milhões de escudos (4,6 milhões de euros), segundo dados anteriormente divulgados pela Lusa.

O ministro de Saúde de Cabo Verde, Arlindo do Rosário, reconheceu anteriormente que, apesar do “momento difícil” dos hospitais portugueses durante a pandemia de Covid-19, Portugal “nunca fechou as portas” aos doentes cabo-verdianos do programa de evacuações médicas.

Mesmo num momento difícil, Portugal nunca fechou as portas e mesmo assim nós continuámos com o programa de evacuações”, reconheceu o governante.

Arlindo do Rosário insistiu que é de “enaltecer o programa de cooperação entre Portugal e Cabo Verde, particularmente no setor da Saúde”, concretamente em áreas como as evacuações médicas ou pelo “apoio na assistência técnica e formativa” aos especialistas cabo-verdianos, permitindo que o país “ganhe progressivamente competências”.