O Governo vai decretar o estado de calamidade para responder às necessidades do território da área ardida da serra da Estrela, anunciou a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, esta segunda-feira.

Segundo a governante, o estado de calamidade será decretado pelo Conselho de Ministros e “dará condições para que todos, Estado e autarquias, possam responder às necessidades” do território.

Mariana Vieira da Silva falava aos jornalistas no final de uma reunião conjunta entre Governo e autarcas de seis municípios abrangidos pelo Parque Natural da Serra da Estrela – Manteigas, Celorico da Beira, Covilhã, Guarda, Gouveia e Seia – e ainda de Belmonte, também presente por ter sido atingido pelas chamas, para “avaliar as necessidades e respostas integradas para estes concelhos” na sequência do incêndio que afetou a região.

“Essa é a garantia principal que aqui trouxemos, várias áreas do Governo, para mostrar que a intervenção, aqui, tem que ser integrada. Da Agricultura ao Ambiente, do Trabalho e da Solidariedade à Coesão Territorial, da Administração Interna. É fundamental que todas estas áreas participem nesta reconstrução”, declarou a ministra.

Mariana Vieira da Silva referiu que o Governo esteve em Manteigas, um dos municípios mais afetados pelo incêndio, e manifestou “solidariedade” e apoio para com as populações que estão agora “perante uma situação muito difícil”.

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“Aquilo que procurámos trazer a este conjunto de municípios foi a garantia de que, em várias fases, procuraremos resolver todos os problemas que nos têm sido colocados”, assumiu.

Disse que a primeira fase, que já está no terreno, refere-se a apoios à alimentação animal, recuperação e retirada de madeira queimada que coloque perigo iminente e de apoio social.

Segue-se o levantamento, nos próximos 15 dias, de “todos os danos e prejuízos” do incêndio.

“A partir daí o Governo aprovará este conjunto de medidas ao abrigo do estado de calamidade, para podermos responder o melhor e o mais urgentemente possível a estes territórios”, assumiu.

Após uma reunião conjunta, na quinta-feira, os municípios abrangidos pelo Parque Natural da Serra da Estrela exigiram que seja decretado “estado de calamidade” e apoios imediatos para colmatar prejuízos de “centenas de milhões de euros”.

Revitalização da serra da Estrela avança em setembro

O “grande plano” de revitalização do Parque Natural da Serra da Estrela avança “a partir de setembro”, destacou o presidente da Câmara Municipal de Manteigas no final de uma reunião entre o Governo e autarcas da região afetada pelo incêndio.

“Num médio prazo, e é um médio prazo que tem de ser urgente, e também fizemos ver essa emergência, a partir de setembro passaremos já para aquilo que é a segunda fase”, destacou Flávio Massano.

O autarca de Manteigas dizia aos jornalistas que, desde hoje, “há pessoas no terreno para estancar aquilo que são os recursos hídricos e a erosão das encostas” e, “depois de estabilizado todo o solo e todo o território”, é que se avança para a fase seguinte.

“Passaremos para a grande construção do grande plano de revitalização da serra da Estrela, que fará com que este território continue a ser uma marca muito importante para todo o país”, continuou.

Flávio Massano defendeu que, “para o futuro, é preciso planear, é preciso fazer mais pela serra da Estrela e fazer com que este parque natural seja um dos ativos mais importantes do centro do país e de todo o Portugal”.

“Importante nesta fase é fazer a proteção de bens e pessoas e isso vai ser feito nos próximos dias. E temos também já equipas no terreno que estão a fazer o levantamento dos estragos e perceber quais são as pessoas em situação de emergência ou de vulnerabilidade e essas pessoas vão te uma resposta e já estão a ter”, afirmou.

O autarca falava aos jornalistas no final da reunião conjunta com mais seis autarcas da região afetada pelo incêndio na serra da Estrela, que iniciou no dia 06 e que foi dado como extinto no dia 17.

O fogo consumiu cerca de 25% do Parque Natural da Serra da Estrela.

Os seis autarcas abrangidos pelo Parque Natural da Serra da Estrela são os de Manteigas, Celorico da Beira, Covilhã, Guarda, Gouveia e Seia.

Belmonte também este presente no encontro por também ter sido atingido pelas chamas.

Do Governo estiveram a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, o ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, e a ministra da Agricultura e da Alimentação, Maria do Céu Antunes.

A ministra da Presidência, que falou em nome do Governo, reforçou o que os autarcas já sabiam por parte do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), na reunião de sexta-feira, de que em 15 dias haveria um relatório do levantamento de danos que começou hoje no terreno para depois executar.

“É um espaço muito curto para um incêndio com a dimensão que este teve”, destacou a ministra, que afirmou que, “a partir de setembro, um terceiro momento muitíssimo importante” dá início.

“A definição de um plano de revitalização deste Parque Natural da Serra da Estrela, procurando diversificar as atividades económicas que aqui se fazem, apostar no turismo, no turismo da natureza, mas também na proteção deste parque natural e destes habitats. Esta é a nossa prioridade”, afirmou.

Mariana Vieira da Silva acrescentou que, com este plano, o objetivo “é deixar este parque natural melhor do que estava, mais capaz de ser um parque natural que atrai pessoas, que atrai visitantes, que atrai economia”.

“Porque sabemos bem que essa é uma das melhores formas de prevenir incêndios. A presença da atividade económica nestes territórios”, defendeu.

A serra da Estrela foi afetada por um incêndio que deflagrou no dia 06 em Garrocho, no concelho da Covilhã (distrito de Castelo Branco) e foi dado como dominado no dia 13, mas sofreu uma reativação no dia 15 e foi considerado novamente dominado no dia 17 à noite.

As chamas estenderam-se ao distrito da Guarda, nos municípios de Manteigas, Gouveia, Guarda e Celorico da Beira, e atingiram ainda o concelho de Belmonte, no distrito de Castelo Branco.