A eletricidade negociada no mercado ibérico grossista para entrega amanhã atingiu esta segunda-feira o preço mais alto desde que entrou em vigor o mecanismo que trava o custo do gás natural usado para produzir energia elétrica.

O preço do mercado diário do Mibel fechou nos 365,33 por MW/hora, acompanhando a escalada que afetou outros países europeus, numa reação ao anúncio da Gazprom que o abastecimento pelo gasoduto Nord Stream 1 iria parar nos próximos dias para “manutenção”. Mas este é o preço já com o efeito do teto ibérico que está em vigor desde 15 de junho e que mesmo assim é o valor mais alto desde março deste ano, representando um salto de 35% face ao dia anterior.

O preço final do mercado ibérico inclui já a compensação devida às centrais a gás natural por não cobrarem o custo do gás natural na eletricidade que colocam no mercado, impedindo assim que a escalada do gás se propague ao preço de toda a energia vendida no mesmo período.

O mercado grossista é onde as comercializadoras se abastecem de energia para vender aos clientes e no caso de Espanha há um conjunto significativo de clientes domésticos que têm a tarifa indexada às cotações diárias do Mibel. Em Portugal, são sobretudo as empresas que estão expostas. Estes clientes são os grande beneficiários do mecanismo ibérico que desliga o preço da eletricidade do do gás natural, mas têm de pagar o custo. O custo desse ajustamento atingiu também o valor mais elevado desde que o teto ibérico está em vigor, o que corresponde a 182,40 euros por MW/hora, um preço que é praticamente o mesmo que o da eletricidade já com o efeito do mecanismo — 182,93 euros por MW/hora.

Ainda assim, o mecanismo permitiu uma poupança média diária de 111,44 euros, ou menos 23,3%, face ao preço que resultaria de condições de normais de funcionamento do mercado. Segundo os dados ainda provisórios divulgados pela Direção-Geral de Energia e Geologia, o preço do mercado ibérico seria de 476,77 euros por MW/hora, sem o efeito do teto ibérico.

Os preços da eletricidade estão a sofrer uma nova vaga de fortes subidas arrastados pelo gás natural. Na Alemanha, foram ultrapassados os 500 euros por MW/hora, tal como em França que, no entanto, tem comprado toda a eletricidade mais barata que pode à Península Ibérica. De acordo com a imprensa espanhola, a Iberdrola está pedir aos seus clientes em França que não renovem o contrato de fornecimento que têm, e cujos preços vão disparar, e optem por voltar à tarifa regulada.

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