O Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) disse esta terça-feira que os resultados da TAP relativos ao primeiro semestre “assentam, em grande parte, nos cortes efetuados aos trabalhadores e em especial aos seus pilotos”.
(…) O esforço exigido aos trabalhadores, em especial aos pilotos, serviu para camuflar as opções desta gestão, mas não serviu para que a administração reconhecesse com gestos sinceros e boas atitudes, o financiamento que daí resultou”, adiantou o SPAC num comunicado.
De acordo com a estrutura sindical, os pilotos haviam financiado a companhia aérea “com pelo menos 50 milhões de euros em 2021 e só neste semestre mais de 25 milhões de euros”.
Seria, de facto, uma grande vitória, não fosse ela subsidiada pelos cortes salariais dos seus funcionários em que, tão somente, os pilotos financiaram a sua empresa com mais de 50 milhões de euros, em apenas um ano. Até agora, os pilotos, injetaram mais na TAP, do que o próprio Estado pagou ao anterior acionista para recuperar o controlo da empresa”, alertou.
O SPAC observou também que “todas as empresas de aviação estão a apresentar lucros recorde, exceto a TAP”.
“Essas empresas não têm cortes salariais brutais aplicados aos seus trabalhadores para “ajudar” nas contas. Este resultado é miserável. (…) Há que mudar rumo, já. (…) A administração e a tutela celebram, agora apoiados no sofrimento de quem trabalha e não vê reconhecido o seu esforço para a obtenção de tais resultados”, realçou.
“Se os pressupostos e as condições se alteraram substancialmente, deveria a administração proceder de forma a diminuir também os prejuízos dos trabalhadores e não se querer apropriar indevidamente do valor do seu trabalho”, acrescentou.
O sindicato avisou ainda que vai “continuar a vigiar e a exigir mais e melhor gestão” e “mais e melhor eficiência” da empresa.
(…) Não vamos e vimos ao sabor da corrente partidária ou conjuntural, nós somos os que ficamos, nós somos, com os demais trabalhadores, a verdadeira TAP [Air] Portugal”, sublinhou.
A presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, considerou que os resultados da companhia no primeiro semestre são melhores do que o previsto no plano de reestruturação.
Estamos melhor do que o plano, com a recuperação do tráfego e com a yeald’ (rendimentos) a mostrar uma boa performance”, afirmou a gestora, em conferência de imprensa, na sede da TAP, em Lisboa, a propósito dos resultados do segundo trimestre e do primeiro semestre, divulgados na manhã desta terça-feira.
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Os prejuízos da TAP S.A. diminuíram no primeiro semestre deste ano para 202,1 milhões de euros, face ao valor negativo de 493,1 milhões de euros obtido em igual período do ano passado, enquanto no segundo trimestre a companhia aérea registou uma redução de 37,2% nos prejuízos, para um resultado negativo de 80,4 milhões de euros, face aos 128,1 milhões obtidos em igual período do ano anterior.
Questionada sobre as 18 faixas horárias no aeroporto de Lisboa que teve de entregar à easyJet, a presidente da Comissão Executiva disse que o contrato com a companhia aérea de baixo custo foi assinado no início de agosto e que a época de inverno foi desenhada com esta questão em consideração.