Momentos após a divulgação dos resultados provisórios na Televisão Pública de Angola (TPA) que davam a vitória ao MPLA, o candidato a vice-presidente da UNITA, Abel Chivukuvuku, chegava ao Hotel Intercontinental, em Luanda, para começar a conferência de imprensa. Desmentindo os dados da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), o responsável destacava “claros indicadores provisórios” de uma “tendência de vitória da UNITA em todo o país e em todas as províncias”, principalmente em Luanda.

Com um terço dos votos contados, dados da CNE revelam que MPLA segue na frente com mais de 60% e UNITA fica-se pelos 33,85%

“Os nossos centros de escrutínio estão a avaliar as atas”, assegurou Abel Chivukuvuku, que adiantou que a UNITA vai “continuar a escrutinar todos os dados” e publicá-los nas redes sociais. “Vamos continuar para informar a opinião pública”. O partido está “sereno e tranquilo”, mas com a convicção de que os dados da CNE não são “fiáveis”.

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Para exemplificar que os resultados não são “fiáveis”, Filomeno Vieira Lopes, dirigente do Bloco Democrático que se associou às listas da UNITA, adiantou, na mesma conferência de imprensa, que os dados atuais contabilizados pelo partido, só na província de Luanda, indicam que em 60% dos números contabilizados pelo partido, 66% dos votos são na UNITA. 

Pós-eleições: “Ninguém está interessado em distúrbios”

Quando questionado sobre possíveis desacatados após as eleições — num cenário idêntico ao de 1992 —, Abel Chivukuvuku foi categórico: “Ninguém está interessado em distúrbios”. “Nós estamos apenas a dar os indicadores dos dados que nós temos da mesma [forma] do que a Comissão Nacional Eleitoral”, vincou, descrevendo que o fiel da balança do apuramento dos resultados destas eleições gerais são o “povo” e os “documentos”.

“O processo tem de ser pacífico”, reiterou o candidato a vice-presidente pela UNITA. “Somos todos angolanos, todos somos atores da História de Angola e interessa-nos que tudo corra bem e respeitemos a vontade do cidadão eleitor”, disse, acrescentando depois que essa vontade estava dirigida para uma “transição pacífica”. 

Abel Chivukuvuku pediu ainda mais “tempo” para estarem disponíveis “dados mais fiáveis”, não acreditando que esteja alguém a “festejar”. “Amanhã de manhã, teremos indicadores mais claros e concretos e quem quiser vai festejar. Espero que sejamos nós.”

Noutro tópico, o candidato a vice-presidente deixou duras críticas à publicação da sondagem pela Televisão Pública de Angola, que “daria uma eventual vantagem ao partido no poder”. “Isso é falso, ilegal e é manipulação”, reforçou Abel Chivukuvuku, lembrando que o governo angolano publicou uma lei que proibia a publicação de sondagens à boca de urnas. “O Estado legislou e não cumpriu a lei.”

O candidato a vice-presidente aproveitou ainda para “desmentir o anúncio sobre a detenção de seis delegados da lista da UNITA no município de Longonjo e Londuimbali”. Adalberto Costa Júnior, o candidato presidencial, devia ter estado na conferência de imprensa — que começou uma hora atrasada —, mas acabou por não discursar.

Com um terço dos votos contados, dados da CNE revelam que MPLA segue na frente com mais de 60% e UNITA fica-se pelos 33,85%

Com 33% dos votos apurados, a Comissão Nacional Eleitoral contabiliza 60,65% da intenção de voto para o MPLA, 33,85% para a UNITA, 1,45% para o PRS, 1,28% para o FNLA, 1,05% para o PHA, 0,70% para o CASA-CE, 0,51% paa o APN e 0,48% para o P-NJANGO.