Paulo Rangel transformou um meme que circulou nos últimos dias em argumento político e disse esta sexta-feira que “o Governo colocou o país em lista de espera“. Na Universidade de Verão do PSD, em Castelo de Vide, o primeiro vice-presidente social-democrata disse que Portugal está “mais exposto” à “grande crise” que se aproxima porque os “Governos de António Costa têm sido incompetentes e imprudentes”.
Já no fim de uma intervenção muito crítica para o Executivo de António Costa, o eurodeputado recuperou a polémica do procurador europeu, bem como a mais recente retirada da Europol e da Interpol da Polícia Judiciária como provas de que o Governo tem “tiques de bullying ao Estado democrático“. Rangel aviso, por isso, que é preciso estar “atento” porque “já no tempo de José Sócrates o Governo PS tinha esses tiques”.
Perante os jovens alunos do PSD, Paulo Rangel criticou o “estado de degradação” e o “desgaste” em que está o Governo. O vice-presidente do PSD acusa António Costa de colocar a “saúde em lista de espera” ao esperar quinze dias para nomear o sucessor de Marta Temido, considerando que um “primeiro-ministro que não é capaz de nomear um ministro em tempo útil é a degradação política levada ao limite”.
No fim de uma semana em que a ministra do setor pediu a demissão, Rangel considera a forma como o Governo gere o setor da saúde o exemplo mais expressivo dessa degradação do Governo. A este propósito, diz que António Costa é um “macronista“, que “fala muito, anda sempre a falar de saúde, mas não faz nada”. E acrescenta: “É o que faz Macron, fala muito, as palavras são belas, mas depois não são nada. No nosso caso [de António Costa] nem as palavras são belas.”
Paulo Rangel continuou depois disparar em todos os sentidos no Governo, visando também Fernando Medina. O vice-presidente do PSD considera que o facto de o ministro das Finanças ter desistido do cargo de consultor que tinha criado para o antigo diretor da TVI, Sérgio Figueiredo, lhe retira “legitimidade” e “autoridade” para tutelar a administração pública. “Como é que o ministro das Finanças inventa um lugar que não é necessário? Qual a sua legitimidade para depois dizer que é preciso cortar aqui e ali? Como pode dizer que não pode aumentar os polícias ou que não se deve pagar horas extraordinárias na saúde?”, questiona Rangel.
É “inevitável” que a Ucrânia adira à UE. E mais uma vez ‘Macrosta’
O eurodeputado falou também sobre o atual estado da Europa, em particular sobre a relação dos 27 com a Ucrânia. Paulo Rangel começa por reconhecer que, se lhe perguntassem há uns meses se achava que a Ucrânia iria algum dia à UE, diria que não. Essa realidade, recorda, era algo que “ninguém queria” e, mesmo que fosse um desejo aproximar a Ucrânia à Europa a nível social e económica, o país “estava lá no cantinho, mas não era para entrar.”
Mas isso mudou. Rangel considera que “depois da guerra, é inevitável que a Ucrânia venha a ser membro da União Europeia. E acredita que vai ser mais rápido do que pensa, por exemplo, o presidente francês. “Isto não é, como diz Macron e o seu seguidor António Costa, uma coisa para 20 anos. Até porque a Ucrânia não aguentaria 20 anos no limbo sem uma tomada de posição da Rússia.” O eurodeputado aproveita para atacar o primeiro-ministro português: “Tudo o que António Costa faz é repetir o que diz Macron. É um macronista”. Quando lembrava a polémica nomeação do
Paulo Rangel diz que não é “nada favorável a um exército europeu” e defende, em alternativa, “uma grande cooperação no âmbito da NATO”. Para o eurodeputado, “não faz sentido separar a segurança da Europa dos Estados Unidos”. Além disso, acredita que esse eventual exército europeu seria uma forma encapotada de “rearmamento da Alemanha” que, de alguma forma, “já está em curso”.