Até agora, a história ditava que a intervenção cirúrgica mais antiga de sempre foi descoberta em França e foi feita há sete mil anos. Mas há novidades: uma equipa de investigadores da universidade de Griffith, na Austrália, encontrou evidências de que, afinal, há uma cirurgia mais antiga. Aconteceu há 31 mil anos e terá sido feita a uma criança, na ilha do Bornéu, na Indonésia.
Segundo os resultados da investigação publicada na revista Nature, foram encontrados ossos de um pé amputado, que permitiram concluir que há mais de 30 mil anos já existiam conhecimentos médicos suficientes para este tipo de intervenção. Aliás, os responsáveis pela investigação concluíram precisamente que quem fez a intervenção tinha “conhecimento detalhado da anatomia dos membros e dos sistemas muscular e vascular para evitar a perda fatal de sangue e infeção”. “Provavelmente, perceberam a importância de remover o membro para sobreviver”, acrescentaram.
Os restos foram encontrados na região tropical de Sangkulirang–Mangkalihat, uma zona montanhosa, dentro de uma caverna, cujo tamanho é semelhante ao de uma catedral, dizem os investigadores.
Os responsável pela cirurgia tiveram ainda o cuidado de garantir o cuidados a ter num pós-operatório. Existem vestígios de uma infeção, que pode não ter ocorrido depois da amputação. Ainda assim, a ferida “terá sido limpa regularmente e desinfetada, talvez usando recursos botânicos disponíveis no local com propriedades medicinais para prevenir infeções e aliviar a dor”.
Esta descoberta mostra então o “nível avançado de experiência médica desenvolvida”, com conhecimentos de anatomia, de fisiologia e de procedimentos cirúrgicos. No relatório publicado surge também a hipótese de que este tipo de intervenções foi desenvolvido através de tentativa e erro.