Os representantes da rede social Twitter e os advogados de Elon Musk estiveram esta terça-feira reunidos numa audiência para debater as questões mais recentes ligadas à batalha judicial que se avizinha. O tema central do julgamento do próximo mês é a vontade de o Twitter obrigar Elon Musk a cumprir com o acordo, que prevê que o homem mais rico do mundo compre a rede social por 44 mil milhões de dólares. Em julho, Musk desistiu da compra.
Com o julgamento marcado para 17 de outubro, no tribunal de Delaware, a juíza que tem o processo em mãos esteve a ouvir os representantes da empresa e de Musk.
O advogado de Elon Musk voltou a defender que o julgamento devia ser adiado, tendo em conta a denúncia de vulnerabilidades na rede social, feita há duas semanas por Peiter Zatko, o antigo responsável de segurança do Twitter. Zatko trabalhou durante 15 meses na empresa, até ser despedido em janeiro deste ano por Parag Agrawal, o CEO que sucedeu a Jack Dorsey.
“A Justiça não precisa de mais umas semanas para analisar isto?”, questionou Alex Spiro, o advogado que representa Elon Musk, referindo-se à longa denúncia que veio a público, que foi também enviada a entidades como o regulador dos mercados de capitais (SEC) e a Comissão de Comércio Federal (FTC). Além de mencionar fragilidades na segurança da rede social, o hacker veterano conhecido como “Mudge” alertou ainda que a empresa não estaria a cumprir com um acordo feito com a FTC para reforçar a segurança. O pedido da defesa de Musk incluia um adiamento do julgamento para novembro.
Já esta quarta-feira, um documento assinado pela juíza Kathaleen McCormick rejeita o pedido de Musk para adiar o julgamento. “Estou convencida de que mesmo um atraso de quatro semanas iria trazer um risco ainda maior para o Twitter, demasiado grande para ser justificável”. Desta forma, o julgamento continuará marcado para 17 de outubro. Ainda assim, deu luz verde a um dos pedidos da defesa de Musk: a inclusão da denúncia de Peiter Zatko.
O “hacker” da velha guarda que lançou mais uma acha para a fogueira do Twitter
Em reação a esta notícia da inclusão da denúncia, enviada à Forbes, o advogado de Musk mostrou-se “esperançoso de que ao ganhar esta questão terem ficado um passo mais perto de a verdade ser ouvida naquele tribunal”.
Durante a audiência, os representantes do Twitter acusaram Elon Musk de estar a utilizar o tema dos “bots” como uma desculpa. William Savitt, advogado do Twitter, leu uma mensagem de Elon Musk, datada de maio, que terá sido enviada ao banqueiro ligado ao processo de compra. “Não faz sentido comprar o Twitter quando estamos a caminhar para a terceira Guerra Mundial”, terá dito Musk na mensagem, referindo-se ao contexto de guerra que afeta a Europa.
Desta forma, o advogado da empresa alega que Musk estaria à procura de uma forma para “escapar” à compra, usando os “bots” e as acusações feitas ao Twitter de não estar a fornecer os documentos necessários como um pretexto para pôr um fim ao negócio. “Isto é a razão pela qual o senhor Musk já não quis comprar o Twitter, toda esta questão sobre ‘bots’, sobre utilizadores ativos diários monetizáveis e Zatko são pretextos”, cita a Reuters.
A defesa de Musk rebateu os argumentos dos advogados do Twitter, referindo que “não é a responsável pelo caos ou pelo atraso”. “A razão pela qual estão a ter reuniões ‘all-hands’ [reuniões gerais] no Twitter é porque um executivo sénior disse que a empresa está a cometer fraude. Isso é culpa nossa? É o nosso caos? É o caos deles”, rematou a defesa do dono da Tesla.
O julgamento que opõe o Twitter a Elon Musk arrancará, assim, no próximo mês, com uma duração prevista de cinco dias.