O administrador executivo da NOS Jorge Graça afirmou esta quarta-feira à Lusa que a primeira viagem de um veículo autónomo na fronteira de Portugal e Espanha com tecnologia 5G “correu muito bem” e agora tudo “depende da vontade das empresas”.
A primeira viagem em Portugal de condução autónoma e conectada com 5G, em ambiente real, decorreu esta quarta-feira na Ponte Internacional Valença-Tui e contou com tecnologia 5G da NOS, marcando a conclusão do projeto europeu 5G-MOBIX.
Correu muito bem, todos os objetivos que tínhamos para demonstrar conseguimos atingir”, salientou o administrador com o pelouro da tecnologia e informação (‘chief technology and information officer’) do grupo NOS.
O ‘shuttle’ (minibus) com pessoas a bordo, mas em modo de condução autónoma, atravessou esta quarta-feira a ponte antiga entre Tui e Valença, tendo inclusivamente lidado com um fator inesperado, de um pedestre a atravessar a via, que não estava no plano, tendo cumprido com as normas de segurança e parado, adiantou.
“Foi capaz de lidar com a situação inesperada”, sublinhou Jorge Graça, referindo que “está demonstrado que é possível” a condução autónoma com 5G, portanto, agora “é quando” as empresas decidirem.
O uso corrente da condução autónoma “vai depender da vontade das empresas”, já que a “tecnologia está disponível”, sublinhou.
“Este projeto do Mobix tem um objetivo de standardização dos resultados e de tornar este tipo de tecnologia disponível para depois ser implementado pelos fabricantes de carros, fabricantes de ‘shuttles’ e depois para materializar este tipo” de casos de estudo, prosseguiu.
Nesta demonstração, o veículo ‘navegou’ entre dois operadores de telecomunicações de “forma transparente”, ou seja, do lado espanhol pela Telefónica e do lado português pela NOS, sem ter havido um vazio de comunicação, explicou.
O projeto 5G-Mobix “é um projeto da União Europeia e a NOS é o único operador que está envolvido neste projeto. Nós participamos aqui do lado português com um consórcio grande”, no qual constam parcerias com as universidades do Minho e de Aveiro, para citar alguns, e com ligação a operadores de infraestrutura também portugueses que “ajudaram a desenvolver o ‘software'”.
Jorge Graça destacou o “esforço grande colaborativo” entre as empresas envolvidas.
Durante a demonstração, o ‘shuttle’ autónomo encontrou vários obstáculos: “Num primeiro caso, perante a obstrução do percurso, o veículo passou o controlo para o centro de controlo de tráfego, onde um técnico assumiu a condução, remotamente, usando uns óculos de realidade virtual”, de acordo com a operadora
Num outro, “um pedestre que se encontrava num ângulo morto do veículo foi detetado por um sensor instalado na ponte, que passou a informação à rede e ao ‘shuttle’, evitando a colisão”.
Toda a informação foi transmitida pela rede 5G da NOS, fazendo uso da tecnologia Nokia, em tempo real, “assegurando a velocidade, baixa latência e a fiabilidade da comunicação, essenciais para garantir a segurança e sucesso da viagem”, refere a operadora, em comunicado.
“É um orgulho enorme ver os benefícios do 5G pode trazer para a sociedade, para as empresas, a materialização da tecnologia é algo que nos enche de muito orgulho”, rematou Jorge Graça
A iniciativa 5G-MOBIX, financiada pela União Europeia (2018-2022) no âmbito do Horizonte 2020, tem como objetivo principal estabelecer a base para o desenvolvimento de corredores 5G e impulsionar o desenvolvimento de oportunidades aplicadas à Mobilidade Autónoma Conectada.
O consórcio reúne 58 parceiros de 13 países da União Europeia, bem como Turquia e Coreia do Sul, entre outros.