Irene Papas, a atriz grega famosa pelos seus papéis em filmes como “Zorba, o Grego” e “Os Canhões de Navarone”, morreu esta quarta-feira aos 96 anos. A informação foi avançada pelo ministério da Cultura grego através de um comunicado oficial. A ministra, Lina Medoni, sublinhou a importância da atriz como a “personificação da beleza grega nos ecrãs de cinema e nas salas de teatro”.
A causa da morte não é, para já, conhecida, mas de acordo com o The New York Times, em 2018 foi anunciado que a atriz sofria há cinco anos da doença de Alzheimer.
Ao longo de uma carreira que começou na década de 1940, Papas participou em mais de 60 filmes, foi estrela na Europa e em Hollywood, e cruzou-se com nomes como Gregory Peck, Anthony Quinn, John Malkovich e Catherine Deneuve.
No grande ecrã, participou em filmes como o épico da II Guerra Mundial “Os Canhões de Navarone”, de 1961, ao lado de Gregory Peck e Anthony Quinn. Papas e Quinn voltariam a encontrar-se três anos mais tarde na comédia dramática “Zorba, o Grego”.
A atriz passou também pelo cinema português. Em 1997, foi dirigida por Manoel de Oliveira no filme “Party”, uma produção franco-portuguesa baseada na obra homónima de Agustina Bessa Luís (que escreveu o roteiro). Em 2003, outra vez pela mão de Oliveira, Papas contracenou com John Malkovich e Catherine Deneuve em “Um Filme Falado”, naquele que viria a ser o seu último papel no cinema.
Ao longo da carreira, Irene Papas recebeu várias distinções, entre elas o prémio de melhor atriz pelo National Board of Review americano, pela sua atuação no filme As Troianas, de 1971. Em 1987 presidiu ao júri no Festival de Cinema de Veneza; também em Veneza viria a receber, em 2009, um Leão de Ouro pelo conjunto da sua obra.
Papas teve ainda uma carreira de renome no teatro. Alguns dos seus papéis mais celebrados incluem o de Lady Macbeth na peça de Shakespeare, bem como passagens pelo teatro de Nova Iorque: com “O Idiota” de Dostoyevski, e na Broadway ao lado de um jovem Jon Voight em “That Summer — That Fall”.
Fez também carreira na música, tendo lançado dois álbuns de música folk grega: “Odes”, em 1979 e “Rapsodies”, em 1986.
Politicamente ativa, em 1967 esteve perto de perder a cidadania grega após apelar a um “boicote cultural” do país no seguimento do golpe militar que a própria descreveu como “nazi”.
Não teve filhos, mas de acordo com o comunicado do ministério da Cultura Grego, teve vários sobrinhos.