O dono da conceituada marca de roupa Patagonia, Yvon Chouinard, anunciou que irá doar a empresa, avaliada em três mil milhões de dólares (cerca de 3.008 milhões de euros), para a luta contra as alterações climáticas.

Numa carta aberta publicada no site oficial, o magnata de 83 anos revelou que ele, a mulher e os dois filhos se desfizeram das ações que detinham, passando a empresa a ser gerida por uma organização não-governamental (ONG) e por um fundo dedicado a manter o rumo traçado pela família.

A decisão tem sido amplamente elogiada pela comunidade filantrópica nos Estados Unidos, numa altura em que os lucros excessivos de multimilionários têm sido cada vez mais escrutinados, com reivindicações para que estes doem a sua fortuna em prol de causas sociais e da defesa do meio ambiente.

“Apesar da sua vastidão, os recursos naturais da Terra não são limitados e, claramente, já os excedemos. Mas o planeta também é resiliente. E se nos comprometermos, conseguiremos salvá-lo”, escreveu Chouinard na carta, intitulada “A Terra é agora o nosso único acionista”.

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Depois de explorar vários planos, que incluíram a possibilidade de vender a empresa ou de a tornar uma empresa cotada em bolsa através de uma Oferta Público Inicial (IPO), a família acabou por chegar à conclusão de que “não havia nenhuma boa opção”. A solução tornou-se fácil: “então, decidimos criar a nossa própria opção”.

As ações com poder de voto [2% das ações da empresa] serão transferidas para o Patagonia Purpose Trust, um fundo criado para proteger os valores da empresa; As ações sem poder de voto [os restantes 98%] serão doadas ao Holdfast Collective, uma ONG dedicada a lutar contra as alterações climáticas e a defender a natureza. Os fundos virão diretamente da Patagonia, e a cada ano os lucros que tivermos depois de reinvestirmos na empresa serão destinados à luta contra a crise climática” explicou Chouinard.

Desde 1979 que a empresa localizada em Ventura, Califórnia, comercializa roupa e equipamento para desportos, faturando atualmente cerca de mil milhões de dólares em vendas. Ao mesmo tempo, a Patagonia tem-se destacado ao longo dos anos pela defesa de iniciativas que visam combater o desperdício excessivo e as alterações climáticas. Em 2012, a marca chegou mesmo a colocar um anúncio a pedir aos clientes que não comprassem os seus produtos no período de Black Friday.

Chouinard, que afirmou ao The New York Times que “nunca quis ser empresário”, começou por fabricar os produtos da marca à mão. Um praticante de escalada desde a década de 1970, tem abraçado várias causas relacionadas com a defesa da natureza. “Espero conseguir influenciar uma nova forma de capitalismo, que não acabe com meia dúzia de pessoas ricas e com o resto a serem pobres”, afirmou.