Questionado pelos partidos e também pelo Presidente da República, que chegou a considerar “inevitável” a divulgação dos dados sobre o impacto da atualização automática das pensões no próximo ano, o Governo enviou ao Parlamento o documento de três páginas em que o Gabinete de Estratégia e Planeamento do Ministério do Trabalho e da Segurança Social simulou o que aconteceria se, ao contrário do que foi anunciado há duas semanas, aquando da apresentação do seu plano de resposta ao aumento de preços, se mantivesse a atualização automática das pensões em 2023.

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De acordo com o Público, que teve acesso ao documento, caso isso acontecesse, o saldo da Segurança Social entraria em terreno negativo já no final da década — antecipando em cerca de cinco anos o momento em que se calcula que a receita contributiva vai finalmente ser inferior à despesa e provocando saldos negativos acima dos mil milhões de euros.

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No documento, citado pelo jornal, o Governo determina que a “aplicação integral da fórmula [de atualização das pensões], num ano atípico como o que vivemos”, teria um “impacto imediato” no saldo da Segurança Social, com os primeiros saldos negativos a serem antecipados meia década nas previsões atuais, para “o final da década de 2020, podendo atingir valores negativos até 1% do PIB no final da década de 2030”.

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Segundo o Público, para chegar a estas conclusões, o Gabinete de Estratégia e Planeamento manteve as estimativas para as receitas com contribuições e quotizações de trabalhadores e empregadores, introduzindo alterações apenas na rubrica que diz respeito às despesas com as pensões — que passou a registar, em todos os anos entre 2023 e 2060, valores mais de mil milhões de euros acima dos que estavam previstos no Orçamento do Estado para 2022.