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Central nuclear no sul da Ucrânia atacada com míssil horas antes de Kremlin rejeitar acusações de crimes de guerra em Izium. “É o mesmo cenário que em Bucha. É uma mentira”, diz Peskov

O Instituto para o Estudo da Guerra acredita que o Presidente russo, Vladimir Putin, está a ignorar os altos comandos militares e é cada vez mais dependente de voluntários e mercenários para manter a invasão na Ucrânia.

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No seu mais recente relatório, o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês), um think tank com sede em Washington, diz ter provas de que as Forças Armadas russas estão a recorrer cada vez mais a voluntários e mercenários, em vez de unidades convencionais, como resultado de um difícil relacionamento entre o Kremlin e os seus generais.

Esta situação estará a causar desconforto entre os altos comandos militares russos, que se sentem cada vez menos ouvidos pelo Presidente, em particular nesta fase do conflito, quando a Ucrânia procura a contra-ofensiva na região de Kharkiv.

O relacionamento difícil de Putin com o comando militar russo pode explicar, em parte, o foco crescente do Kremlin no recrutamento de voluntários mal preparados para unidades irregulares ad hoc, em vez de usar reservas de substituição para unidades regulares de combate russas”, explica o ISW no seu relatório.

O documento cita uma mensagem de um especialista russo que dá conta de que o 4.º Regimento do Exército iniciou a formação de novos soldados a partir de unidades regionais de voluntários, bem como de prisioneiros nas regiões ocupadas de Donbass.

“A formação destas unidades ad hoc criará mais tensões, desigualdade e uma total falta de coesão entre as forças”, avisa o ISW, que cita fontes ucranianas e russas que relatam casos em que as Forças Armadas russas estão a recusar-se a pagar bónus de alistamento ou a recusar tratamento médico a militares na reserva, provocando o descontentamento entre estes setores militares.

Ao mesmo tempo, denuncia o relatório, mantêm-se as situações de discriminação dentro de alguns regimentos, em que, por exemplo, os líderes chechenos destacam não-chechenos para partir para a linha da frente.

Por outro lado, há também relatos de “problemas comportamentais entre os prisioneiros recrutados”, o que está a provocar dificuldades adicionais de coordenação entre unidades militares russas.

Sobre a contra-ofensiva ucraniana que decorre neste momento a oeste da cidade de Kherson, o ISW diz reconhecer sinais de que “as forças russas estão a tentar realizar uma retirada mais deliberada e controlada (…) para evitar a fuga caótica que caracterizou o colapso das posições defensivas russas em Kharkiv, no início deste mês”.

A diferença, dizem os especialistas do think tank norte-americano, deve-se ao facto de as forças russas nos arredores de Kherson “demonstrarem um desempenho significativamente melhor” do que as forças que estavam em Kharkiv.

O ISW diz que as forças russas tentam tudo para “retardar a progressão” da contra-ofensiva ucraniana e cita um estratego russo que, nas redes sociais, disse que o comando russo emitiu, na passada semana, uma ordem de não-retirada para todas as unidades no Donbass.