O presidente do Chega considerou, esta segunda-feira, que os cálculos do Governo sobre o impacto do aumento das pensões são “uma mentira” e anunciou que o partido vai pedir a audição da ministra do Trabalho e Segurança Social no parlamento.
“Este aumento de pensões que o Governo anunciou é um truque e é uma fraude, é apenas uma antecipação daquilo que deveria acontecer no próximo ano e que já não vai acontecer“, afirmou o líder num vídeo enviado aos jornalistas, apontando que se trata de “antecipar aquilo que tinha sido prometido e retirar do próximo ano o que tinha sido garantido”.
Referindo a avaliação do impacto do aumento das pensões na sustentabilidade financeira da Segurança Social elaborada pelo Gabinete de Estratégia e Planeamento (GEP) do Ministério do Trabalho e da Segurança Social, e enviada ao parlamento, André Ventura considerou que esse documento “mostra que o Governo é capaz de, utilizando técnicos, auditores, advogados, de manipular números e de apresentar dados que não correspondem à realidade”. “Aquilo que é apresentado aos partidos é uma mentira”, defendeu, sem detalhar.
No vídeo divulgado esta segunda-feira, o presidente do Chega anunciou que o seu grupo parlamentar quer “chamar ao parlamento, com caráter de urgência, a senhora ministra do Trabalho e da Segurança Social, mas também os técnicos que levaram a cabo este relatório que é apresentado aos partidos”.
“Chamaremos ao parlamento todas as entidades envolvidas neste relatório, bem como a senhora ministra para responder politicamente por mais esta mentira que o Governo quer impingir aos portugueses”, acrescentou.
E argumentou que “especialistas, comentadores, partidos, assessores, todos têm feito as contas consecutivamente e todos têm chegado à mesma conclusão, o Governo está a mentir sobre os aumentos que os pensionistas vão receber, a sustentabilidade da Segurança Social não está em causa e o Governo está a usar o dinheiro do Orçamento Geral do Estado e não do orçamento da Segurança Social para fazer este aumento extraordinário prometido para outubro”.
“Tudo isto é preciso ser esclarecido, e é preciso ser esclarecido se houve ou não manipulação por parte do Governo sobre estes dados”, justificou o líder do partido de extrema-direita.
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O documento distribuído aos partidos com representação parlamentar indica que a atualização das pensões conforme a atualização automática e consequentes aumentos entre 7,1% e 8% a partir de 2023 iria antecipar os primeiros saldos negativos do sistema previdencial para o final da década de 2020.
O primeiro-ministro rejeitou, na passada segunda-feira, ter usado de qualquer truque ao anunciar o aumento das pensões, entre este ano e o próximo, e disse que o Governo quis evitar um acréscimo de despesa permanente de dois mil milhões de euros.
António Costa sublinhou que, desde 2015, o Governo conseguiu aumentar em 26 anos a capacidade do fundo de estabilização financeira da Segurança Social, mas alertou que, se se aumentassem no próximo ano as pensões de acordo com a fórmula de cálculo em vigor, seriam perdidos 13 destes 26 anos, o que volta a referir o estudo hoje entrado no parlamento.
“O que não poderíamos fazer de forma responsável era ter um ano de inflação absolutamente extraordinário e atípico, como este, e transformá-lo num efeito permanente”, afirmou António Costa, em entrevista à TVI/CNN Portugal.