Em atualização
Há várias horas que o número de pessoas detidas em diversas cidades da Rússia por alegadamente participarem em protestos contra a mobilização de reservistas esta quarta-feira anunciada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, está a ser revisto em crescendo. A organização de defesa dos direitos civis OVD-Info iniciou já a sua própria contabilização das manifestações e confirmou 1386 detenções.
Подвели предварительные итоги дня объявления мобилизации: https://t.co/AonIZNMrCP pic.twitter.com/WRAp2tfvB4
— ОВД-Инфо (@OvdInfo) September 21, 2022
Em plataformas como o Telegram, Twitter e Youtube, há vários utilizadores a divulgar imagens e vídeos dos protestos onde se veem também os manifestantes detidos a serem encaminhados para autocarros ou para carros das autoridades russas. O SOTA Vision, um meio de comunicação independente russo, tem relatado no canal do Telegram os desenvolvimentos das últimas horas e acrescenta que entre os detidos está um dos jornalistas do canal.
As manifestações foram organizadas pelo grupo Vesna, um movimento de jovens russos pela liberdade de expressão. “Milhares de russos, os nossos pais, irmãos e maridos, vão servir de alimento para a máquina da guerra. Para que é que as nossas mães e filhos vão chorar a sua morte?”, pode ler-se no comunicado de apelo ao protesto.
Protests in Moscow and St Petersburg today have grown pretty large. People chanting “No to War!” Dozens of arrests reported pic.twitter.com/9F4E5VIy9E
— Matthew Luxmoore (@mjluxmoore) September 21, 2022
O ministério público de Moscovo já avisou que a participação em tais manifestações ou a mera difusão das respetivas convocatórias poderá constituir crime, com pena de prisão até 15 anos, depois de terem sido publicados na internet os primeiros apelos para protestar contra o envio de militares na reserva em idade de combate para a guerra na Ucrânia.
People are brutally detained in St. Petersburg
According to "OVD-Info", more than 500 people have already been detained in #Russia. pic.twitter.com/yR77et4DOe
— NEXTA (@nexta_tv) September 21, 2022
Segundo o ministério público, a convocação dessas manifestações não foi coordenada com as autoridades pertinentes, que devem autorizar qualquer ação desse tipo. As autoridades russas não permitem qualquer concentração contrária às diretrizes do Governo.
O decreto de Putin estipulou que o número de pessoas convocadas para o serviço militar ativo seria determinado pelo Ministério da Defesa, e o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, disse numa entrevista televisiva que 300.000 reservistas com experiência relevante de combate e serviço serão inicialmente mobilizados. Trata-se da primeira mobilização forçada de homens na Rússia desde a Segunda Guerra Mundial.
Além da convocação de protestos, a Rússia tem também assistido a um acentuado êxodo de cidadãos desde que Putin ordenou que o exército invadisse a Ucrânia, há quase sete meses.
No discurso que proferiu ao país, em que anunciou uma mobilização parcial dos reservistas, o Presidente russo também fez uma ameaça nuclear velada aos inimigos russos do Ocidente.