O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, admite que, mesmo com maioria absoluta, o Governo socialista possa não durar os quatro anos da legislatura e lembra que o PS tem um historial de “processos de implosão”.
Numa entrevista ao jornal Público, Jerónimo de Sousa considera que, “ou o PS dá respostas aos problemas dos trabalhadores e do povo, ou sofrerá as consequências e a erosão que resulta de uma política social que não corresponde àquilo que são aspirações profundas da população”.
Naturalmente sabemos que, no fundamental, está nas mãos do Governo do PS persistir e prosseguir ou não. Digo isto, porque olho para o passado, para as maiorias absolutas, incluindo do PS, em que, por um processo de implosão, aconteceu o que aconteceu”, afirma.
E insiste: “não faço futurologia, mas há aqui uma experiência histórica recente, desde os anos de Abril, a partir do primeiro Governo de Mário Soares. Mesmo com resultados eleitorais substanciais, houve processos de crise interna que levaram o PS a fazer uma cura de água — chegou a direita a governar”.
Sobre o Presidente da República, Jerónimo de Sousa defende que Marcelo rebelo de Sousa, nos últimos tempos, “tem desenvolvido uma intervenção com conteúdos que mais se aproximam do PSD do que do PS”.
“É o fator direita, de alternância, que, com certeza, Marcelo Rebelo de Sousa pretenderá. Eu não quero fazer juízos de valor, mas a verdade é que se nota aqui um reajuste para contribuir para o reforço do PSD”, acrescenta.