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Mobilização de militares na reserva não vai mudar o rumo da guerra, diz grupo de reflexão

Este artigo tem mais de 2 anos

Putin não escalou a retórica, usa a mesma de sempre, diz relatório de Instituto para o Estudo da Guerra. Ligação entre mobilização, anexação de territórios e armas nucleares não deve ser feita.

epa09853297 A Russian serviceman guards during food distribution organised by Russian army and militias of self-proclaimed LPR in village Trokhizbenka, Luhansk region, Ukraine, 27 March 2022. Chairman of the Government of the LPR Sergey Kozlov reported that as of March 22, the retreating Kyiv (Kiev) security forces had blown up 22 bridges, but the Republic would restore them. Russia will assist in the restoration and construction of infrastructure in the Republic. On 24 February Russian troops had entered Ukrainian territory in what the Russian president declared a 'special military operation', resulting in fighting and destruction in the country, a huge flow of refugees, and multiple sanctions against Russia. The letter Z has been used by Russian forces as an identifying sign on their vehicles in Ukraine.  EPA/SERGEI ILNITSKY
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Parte dos militares russos na reserva com experiência já terão sido mobilizados para a guerra

SERGEI ILNITSKY/EPA

Parte dos militares russos na reserva com experiência já terão sido mobilizados para a guerra

SERGEI ILNITSKY/EPA

A mobilização militar decretada esta quarta-feira na Rússia, e que o Kremlin insiste em dizer que é parcial, pode não ter efeitos na ofensiva no terreno no curto ou médio prazo, de acordo com um relatório do Instituto para o Estudo da Guerra, sedeado nos Estados Unidos.

“A ordem de Putin para mobilizar parte da reserva ‘treinada’ da Rússia, ou seja, indivíduos que tenham completado o seu serviço obrigatório de recruta, não irá gerar um poder de combate russo significativo utilizável durante meses”, lê-se no site do think tank. “Pode ser o suficiente para manter os atuais níveis de militares russos em 2023, compensando as baixas russas, mas mesmo isso ainda não é claro.”

A ocupação dos territórios ucranianos pela Rússia, as ofensivas e contra-ofensivas

ISW

As contas russas apontam para um total de 300 mil militares na reserva que podem ser forçados a ingressar nas fileiras da guerra, mas não sem antes passarem por uma fase de treino. O instituto lembra que não há confirmação sobre quantos militares já terão sido enviados para a guerra nestes últimos sete meses — mas as autoridades militares ucranianas apontam para 80 mil até junho.

Parte destes militares na reserva cumpriram apenas o serviço militar obrigatório, durante 12 meses, sem terem recebido atualização dos conhecimentos ou do armamento militar disponível. Outra parte serão militares na reserva com experiência de guerra, mas esses já terão sido mobilizados na preparação da guerra.

Os militares russos na reserva estão mal treinados, para começar, e não recebem qualquer formação de reciclagem uma vez terminado o seu período de recrutamento”, denuncia o grupo de reflexão.

O Instituto para o Estudo da Guerra diz que o ano de serviço militar obrigatório é pouco até para aprenderem a ser soldados. E o tempo que ficaram sem treinar ou renovar os conhecimentos só faz com que o pouco que sabiam se degrade ainda mais.

Assim, o instituto prevê que o treino para colocar os soldados na frente de batalha deveria demorar semanas ou, mesmo, meses. Mas um comissariado militar em Kursk Oblast terá dito que os que têm menos de 30 anos seriam destacados imediatamente, sem qualquer formação adicional.

think tank descarta ainda que a incorporação de novos militares mude o rumo da guerra. Primeiro, o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, disse que a incorporação será faseada — logo, não haverá um reforço massivo na frente de batalha. Depois, esta mobilização de militares será incapaz de deter a contra-ofensiva ucraniana.

A mobilização militar parcial foi um dos pontos do discurso de Vladimir Putin, esta quarta-feira, os outros foram a anexação do território ucraniano ocupado e o uso de armas de destruição massiva. O instituto esclarece, no entanto, que apesar de o uso dos três argumentos no mesmo discurso dar a ideia de ligação, o Presidente russo nunca faz essa ligação abertamente — e poderá sempre alegar que não foi isso que disse.

O discurso de Putin não deve ser lido como uma ameaça explícita de que a Rússia utilizaria armas nucleares contra a Ucrânia se a Ucrânia continuasse as contra-ofensivas nos territórios ocupados após a anexação”, reforça o think tank.

Para finalizar, os autores do relatório dizem que não há, de facto, uma escalada na retórica do Kremlin, uma vez que as ameaças feitas por Putin e os ataques à NATO são os mesmos desde o início da guerra e têm sido usados repetidamente para justificar a invasão.

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