A crise energética, que já está a levar a Europa a apresentar planos para reduzir o consumo de energia, estará a deixar as operadoras de telecomunicações receosas, avança a agência Reuters. As operadoras temem que as falhas de energia ou o racionamento de eletricidade possam ter consequências para os serviços de telecomunicações durante o inverno.
As temperaturas mais baixas do inverno geram habitualmente um maior consumo de energia. Com a guerra na Ucrânia e a tentativa de a Europa se tornar mais independente da energia com origem na Rússia, principalmente do gás, há planos para reduzir o consumo energético.
Alguns oficiais da indústria das telecomunicações partilharam com a Reuters que existe o receio de que um inverno mais rigoroso possa pôr à prova a infraestrutura do setor na Europa. É explicado que, em alguns países, como França, Suécia ou Alemanha, já estarão a ser planeadas algumas medidas para garantir que, na eventualidade de cortes de energia, é possível continuar a ter serviço sem esgotar a capacidade das baterias instaladas nas antenas.
Ouça aqui o episódio do podcast “A História do Dia” sobre o plano para reduzir o consumo energético.
Dada a importância crítica da rede de telecomunicações, as torres de telecomunicações têm habitualmente baterias para redundância em algum caso de eventualidade, que conseguem fornecer energia durante cerca de meia hora, nota a Reuters.
Em França, por exemplo, duas fontes partilharam com a agência de notícias que o governo francês, os operadores de telecomunicações e a Enedis, uma das divisões da Eléctricité de France (EDF), tiveram algumas conversações durante o verão sobre esta questão.
Também na Suécia e na Alemanha haverá alguma apreensão sobre este tema. Pelo menos de acordo com as fontes ouvidas pela Reuters, algumas das operadoras dos países já terão transmitido aos respetivos governos receios de falhas de energia. Na Suécia, o regulador da área das telecomunicações PTS já estará a trabalhar com os operadores e agências governamentais para encontrar algumas soluções – inclusive para o cenário de racionamento de energia.
Em Itália, o representante do setor das telecomunicações partilhou com a agência que quer que a rede de telecomunicações seja excluída de qualquer corte de energia ou possível plano de poupança de energia.
Contactada pelo Observador, a Apritel, a associação dos operadores de telecomunicações em Portugal, admitiu esta sexta-feira, que, em “eventuais situações” de cortes prolongados de energia, “não pode ser excluída a possibilidade de haver alguma afetação das redes de comunicações”.
“Quaisquer cortes programados não poderão deixar de preservar o funcionamento das redes de comunicações, a par de outros serviços e infraestruturas críticas”, indicou a posição da associação liderada por Pedro Mota Soares.
(Atualizado às 15h44 para incluir posição da Apritel sobre Portugal)