A ministra dos Negócios Estrangeiros alemã, Annalena Baerbock, rejeitou proceder ao pagamento do pedido feito na segunda-feira pela Polónia de reparações multimilionárias pelos danos sofridos às mãos da Alemanha nazi durante a Segunda Guerra Mundial.

Baerbock, de visita a Varsóvia para participar numa conferência sobre segurança, sublinhou que a questão monetária está encerrada e que a Alemanha terá de enfrentar o “dever perpétuo” de recordar o sofrimento que infligiu à Polónia em meados do século passado, durante o segundo conflito à escala mundial (1939-1945).

“A Alemanha mantém a sua responsabilidade histórica sem nenhuma atenuante”, declarou a MNE alemã, salientando a vergonha que Berlim sente pela “desumana campanha de opressão” e de “pura aniquilação” que o regime nazi impôs ao país vizinho.

“É percetível quão presente está essa dor até hoje, não só entre os que têm 90 anos, como também entre os de nove, porque a dor se herda de geração em geração”, disse Baerbock ao seu homólogo polaco, Zbigniew Rau.

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O Governo da Polónia reiterou na segunda-feira os seus pedidos à Alemanha de reparações pelos danos sofridos durante a Segunda Guerra Mundial e assinou uma nota diplomática que já vai a caminho de Berlim, na qual solicita uma “compensação por danos materiais e imateriais causados ao Estado polaco”.

Embora o chefe da diplomacia polaco não tenha revelado o montante exato pedido, o Governo de Varsóvia apresentou a 1 de setembro, no 83.º aniversário do início da guerra, um extenso relatório estimando que os danos económicos causados pela Alemanha nazi ao país correspondam atualmente a 6,2 biliões de zlótis (1,3 biliões de euros).

Polónia vai pedir à Alemanha indemnização bilionária pela Segunda Guerra Mundial

A divulgação do relatório esteve no centro das cerimónias nacionais para assinalar o aniversário do início da guerra, que começou a 1 de setembro de 1939, com o bombardeamento e a invasão da Polónia pela Alemanha nazi, a que se seguiram cinco anos de ocupação que causaram a morte de seis milhões de pessoas, incluindo três milhões de judeus.

Berlim considera o assunto encerrado e argumenta que a compensação foi paga às nações do Bloco de Leste nos anos após a guerra, ao passo que os territórios que a Polónia perdeu no leste, quando as fronteiras foram redesenhadas, foram compensados com alguns dos territórios que pertenciam à Alemanha antes da guerra.

Mas o Governo da Polónia rejeita uma declaração de 1953, feita pelos então líderes comunistas do país, sob pressão da União Soviética, concordando em não fazer mais reivindicações à Alemanha.

Segundo Rau, a nota enviada na segunda-feira a Berlim expressa o seu ponto de vista de que os dois lados devem agir “sem demora” relativamente aos efeitos da ocupação alemã de 1939-1945 de uma “forma duradoura e complexa, além de jurídica e materialmente vinculativa”.

Isso inclui reparações monetárias alemãs, além da devolução de obras de arte, arquivos e depósitos bancários saqueados, precisou o MNE polaco, considerando que Berlim devia também esforçar-se por informar a sociedade alemã da “verdadeira” dimensão da guerra e dos respetivos desastrosos efeitos na Polónia.

Varsóvia afirma que o pagamento de reparações fortaleceria as relações bilaterais, fazendo-as assentar na verdade e na justiça, além de encerrar dolorosos capítulos do passado.

O Governo polaco argumenta ainda que o país foi a primeira vítima da guerra e nunca foi totalmente compensado pela vizinha Alemanha, que agora é um dos seus principais parceiros na União Europeia.