A goleada sofrida contra o Manchester City no passado domingo provocou claras e expectáveis ondas de choque no universo do Manchester United. Não só no plano desportivo, onde ficou provado que a equipa ainda terá de crescer muito para competir com os principais rivais, mas também no plano institucional — e com Cristiano Ronaldo como o inevitável protagonista.

O capitão da Seleção Nacional não saiu do banco de suplentes durante a goleada no Etihad, sendo preterido enquanto solução ofensiva por Rashford, no onze inicial, e também por Martial, que foi lançado na segunda parte. Depois do apito final, Erik ten Hag explicou que não utilizou Ronaldo por uma questão de “respeito”. “Não o ia pôr porque estávamos a perder 4-0 e seria uma falta de respeito pelo Cristiano e pela sua grande carreira. E podia colocar o Martial, que precisa de minutos”, disse o treinador neerlandês, numa declaração que dividiu opiniões e não abonou propriamente a favor das expectativas do português para o que resta da temporada.

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Entretanto, esta quinta-feira, o chip voltava a mudar e o Manchester United visitava o Omonia no Chipre na terceira jornada da fase de grupos da Liga Europa. Depois de perderem com a Real Sociedad e vencerem o Sheriff, os ingleses tinham a oportunidade de somar três pontos contra uma equipa que levava duas derrotas e deixar a corrida pelo apuramento muito reduzida ao confronto direto com os espanhóis. Na antevisão da partida, porém, Ten Hag teve de passar pelo mais previsível — a explicação de tudo o que disse sobre Cristiano Ronaldo.

“Não o coloquei em campo por respeito, não tem nada a ver com o seu futuro em janeiro. Não o vejo infeliz, está feliz, está a treinar bem e a desfrutar. Não está contente por não ter jogado no domingo, não me interpretem mal. Mas perguntaram-me sobre o treino e ele está feliz a treinar. É óbvio que quer jogar e fica chateado quando não joga. Quando estás no Manchester United e estás satisfeito por ficar no banco não estás no clube certo. O Cristiano é muito competitivo. Repito: não está feliz por não jogar mas está a treinar bem, com boa disposição, motivado. E dá o seu melhor, que é aquilo que nós esperamos”, indicou o técnico, desdobrando-se em explicações que não evitaram que surgissem desde logo notícias sobre uma eventual pretensão de Cristiano Ronaldo de deixar Old Trafford já em janeiro.

“Não podia pôr o Ronaldo a perder 4-0, era uma falta de respeito.” Cristiano ficou no banco contra o City e Ten Hag explicou porquê

Certo é que, esta quinta-feira, o jogador português era novamente titular na Liga Europa, a competição em que Erik ten Hag o tem utilizado com maior frequência. Sancho, Bruno Fernandes e Antony apareciam no apoio ao avançado, com Eriksen e Casemiro numa zona mais recuada do meio-campo, e Diogo Dalot mantinha a presença no onze inicial na direita da defesa. Do outro lado, o ex-FC Porto Fabiano era o guarda-redes do Omonia.

A primeira parte foi essencialmente dominada pelo Manchester United, que atuava quase por inteiro no meio-campo adversário e beneficiava da abnegação do Omonia relativamente às movimentações ofensivas. Bruno Fernandes e Cristiano Ronaldo criaram a primeira grande oportunidade do jogo, com o médio a acertar na barra com uma espécie de vólei por cima do guarda-redes (18′), e Fabiano evitou o golo de Antony com uma grande defesa depois de um remate do brasileiro de fora de área (27′).

O Omonia começou a reagir a partir da meia-hora, conquistando alguma posse de bola e obrigando o Manchester United a recuar as linhas pela primeira vez no jogo. E foi neste período que a eficácia dos cipriotas veio ao de cima: num contra-ataque muito rápido, Souza conduziu descaído na direita e desmarcou Karim Ansarifard, que atirou para bater De Gea (34′) e levar o Omonia a vencer para o intervalo.

Ten Hag mexeu logo no início da segunda parte e trocou Sancho e Malacia por Rashford e Luke Shaw, numa dupla alteração que teve impacto logo nos 10 minutos iniciais. Rashford recebeu um passe longo nas costas da defesa, temporizou e atirou de fora de área para empatar (53′). Bruno Fernandes saiu para deixar entrar Martial já depois da hora de jogo e o avançado francês, que bisou no fim de semana contra o Manchester City, colocou desde logo os red devils a vencer ao rematar na área na sequência de uma assistência de calcanhar de Rashford (63′).

Cristiano Ronaldo desperdiçou uma oportunidade flagrante já no último quarto de hora, acertando em cheio no poste com a baliza praticamente deserta depois de uma jogada de Dalot (77′). Rashford bisou já perto do fim, respondendo da melhor forma a uma assistência de Ronaldo (84′), e os cipriotas fecharam as contas logo depois por intermédio de Panayiotou (85′). O Manchester United chegou a assustar-se no Chipre mas conseguiu vencer o Omonia (2-3) e destacar-se com seis pontos no Grupo E da Liga Europa, mais três do que o Sheriff e menos três do que a Real Sociedad, sendo que os espanhóis venceram os moldavos também esta quinta-feira.

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