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Mais de 6% dos doentes covid-19 apresentam covid longa — mas o número pode ser bem maior

Este artigo tem mais de 2 anos

Novo estudo estima que 2,4 a 13,3% dos doentes covid-19 sintomáticos terão pelo menos um de três grupos de sintomas ao fim de três meses. Mas um grande grupo de doentes fica fora desta avaliação.

Hand of woman holding rapid diagnostic test for COVID-19
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Na análise foram usados dados de 1,2 milhões de doentes com sintomas de covid-19

Getty Images/Westend61

Na análise foram usados dados de 1,2 milhões de doentes com sintomas de covid-19

Getty Images/Westend61

Conhecer que percentagem de pessoas pode vir a sofrer de sintomas associados à covid longa e quanto tempo persistem esses sintomas é importante para perceber qual o impacto da covid-19 a longo prazo nos sistemas de saúde e na economia de um país. As estimativas variam consoante o estudo e os sintomas analisados, mas um artigo recente na revista científica JAMA aponta para 6,2% das pessoas que apresentaram sintomas durante a infeção de covid-19.

Fadiga, perda de memória, falta de ar e mais 200 sintomas. Covid longa pode durar meses ou anos (e ser a próxima “pandemia”)

A equipa que estuda o peso da covid longa na saúde — Global Burden of Disease Long Covid — pegou em 54 estudos e duas bases de dados médicas, o que significa dados de 1,2 milhões de indivíduos de 22 países que tiveram covid-19 sintomática — ou seja, sintomas durante a infeção —, de março de 2020 a janeiro de 2022.

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Ao fim de três meses depois da infeção com o coronavírus, entre 2,4 a 13,3% (numa estimativa de 6,2%) desses doentes apresentaram sintomas de, pelo menos, um dos grupos de sintomas: 3,7% (0,9 a 9.6%) mantinham sintomas respiratórios, 3,2% (0,6 a 10,0%) apresentavam fadiga persistente com dores no corpo e alterações de humor e 2,2% (0,3 a 7,6%) tinham problemas cognitivos.

A covid longa foi mais comum nas mulheres do que nos homens, mais frequente acima dos 20 anos do que para os mais jovens e mais longa para quem foi internado (uma média de nove meses) do que para os que tiveram sintomas menos graves (uma média de quatro meses). O estudo verificou ainda que 10,3 a 21.1% dos doentes com covid longa apresentavam sintomas ao fim de 12 meses (o período máximo abrangido pelo estudo).

Estudo abrangente, mas ainda com limitações

Todas as estimativas têm de basear-se em alguns pressupostos, o que impede que as conclusões sejam alargadas a todos os grupos e situações. O presente estudo, por exemplo, só considera as infeções sintomáticas (embora a covid longa também possa surgir em assintomáticos) e usa a definição da Organização Mundial de Saúde que considera que a definição de covid longa representa sintomas que persistem ao longo de três meses ou mais — enquanto outros grupos consideram os sintomas que se mantém para lá das três semanas após a infeção.

O período de estudo, com pessoas infetadas até ao final de 2021, não permite perceber qual o impacto das infeções com a variante ómicron na covid longa. Entre os sintomas avaliados são considerados apenas três grupos de sintomas comuns (e não um conjunto mais alargado de sintomas referenciados. Além disso, não são consideradas as doenças que podem ser desencadeadas a curto e médio prazo pela infeção com SARS-CoV-2, como problemas cardíacos, distúrbios renais, gastrointestinas e endócrinos, assim como complicações dermatológicas.

Os autores da análise assumem que não será possível comparar os resultados agora apresentados com outros estudos, porque foi a primeira vez que se agruparam os sintomas em apenas três grandes grupos. Além disso, ajustaram os sintomas reportados pelas pessoas de acordo com os sintomas que poderiam surgir de forma não relacionada com a covid-19 — o que também explica a percentagem mais baixa do que trabalhos anteriores.

A estimativa foi baseada em dados de 22 países, mas não é claro se a covid longa terá o mesmo comportamento em todas as geografias. Além disso, a duração dos sintomas foi estimada exclusivamente nos países ricos, onde há uma maior investimento dos serviços de saúde no seguimento dos doentes.

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