“Em relação aos adeptos, é não só a forma como eles já deram resposta em certos jogos mas a forma como já estivemos no início do Campeonato a 11 pontos do primeiro, e o primeiro por acaso é talvez o maior rival deste clube, e não me lembro de haver contestação e de não haver tanta calma noutras épocas. É um grande sinal para a equipa, que os adeptos mesmo com resultados maus, principalmente no Campeonato, estão sempre com a equipa. Acho que isso é o mais importante e não o ambiente que se cria nestes jogos em que toda a gente gosta de vir ver, mas também do momento que vivemos e que estamos a tentar recuperar. Sinceramente, não me lembro de haver tanta calma no clube e isso é muito bom porque ajuda-nos a trabalhar”, tinha referido Rúben Amorim na véspera. 24 horas depois, a realidade foi diferente.

O custo da lei de Esgaio, onde aquilo que pode correr mal, corre ainda pior (a crónica do Sporting-Marselha)

Daqui a duas semanas, quando a equipa voltar ao Campeonato com o Casa Pia, é muito provável que o ambiente volte a estar calmo em Alvalade (pelo meio há Taça de Portugal com o Varzim em Barcelos, algo que Rúben Amorim até se esqueceu na zona de entrevistas rápidas). No entanto, e por uma noite, não foi assim a 100%. Houve assobios para Ricardo Esgaio após a expulsão, houve assobios quando se percebeu que Francisco Trincão tinha saída ao intervalo, houve assobios no momento de agradecer aos adeptos no final da partida com o técnico junto dos jogadores. Também houve aplausos mas houve esses assobios e a perceção de que um jogo como o de Marselha pode acontecer, outro igual já começa a pesar.

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As contas para a qualificação continuam em aberto, seja para os oitavos da Champions ou para o terceiro lugar que vale a Liga Europa, mas os números foram todos menos positivos na dupla jornada do Marselha. Aliás, nunca Rúben Amorim tinha perdido dois dos primeiros seis jogos da época em Alvalade. E com um outro dado mais penalizador: há 50 anos que o Sporting não sofria tantos golos nos primeiros 13 jogos da temporada, levando uma média de 1,89 após ser das melhores defesas em 2020/21 e 2021/22. No entanto, e mesmo perante esse cenário, o técnico deixou alguns recados para dentro mas sempre a defender aquele que foi mais visado pela derrota dos verde e brancos diante dos franceses: Ricardo Esgaio.

“Não é um dos jogadores preferidos dos adeptos mas é dos meus. Enquanto estiver cá eu vou protegê-lo ao máximo. Nunca vai ser abandonado pelo treinador e enquanto eu aqui estiver não há nada que se possa fazer ao Esgaio”, destacou Rúben Amorim em declarações à Eleven Sports no final. “O Porro não poderia jogar o tempo todo. O Fatawu era para fechar o corredor e atacar como extremo. Podíamos ter colocado o Porro para salvaguardar a imagem [da equipa] em si mas íamos colocar em causa as restantes competições. O meu trabalho é salvaguardar os meus jogadores e foi isso que fiz”, acrescentou.

“Obviamente que não é um momento bom para Esgaio. A minha responsabilidade é proteger os jogadores. Enquanto Esgaio aqui estiver e eu estiver cá, terá sempre a proteção do treinador. Compreendo os adeptos, mas é um dos meus jogadores favoritos. Porquê? Dá tudo, gosto dele como homem e como jogador. Sei que os adeptos não gostam, mas o futebol é mesmo assim”, frisou depois na CNN Portugal.

“Em relação à pressão sobre o Esgaio, seja justa ou não que nem vou discutir isso, não começou com as más exibições, começou quando chegou porque vinha do Sp. Braga. Os jogadores que vieram do Sp. Braga são um bocado pressionados e as coisas são como são e há que encarar isto normalmente. O Esgaio só tem de trabalhar e deixar o resto para mim. Enquanto o conseguir proteger, é isso que vai acontecer, como já fiz com o Paulinho, como há fiz com outros jogadores em momentos difíceis. A responsabilidade é minha. Há que dizer a verdade, o Esgaio pode não estar num bom momento e as críticas podem ser justas mas as coisas começaram desde o primeiro minuto que chegou ao Sporting”, disse na conferência.

“Resumo? Há uma expulsão que é penálti e voltamos a tornar o jogo mais difícil. O segundo golo todos pensávamos que estava fora de jogo mas não estava. Depois, a expulsão do Pote. Os jogadores deram tudo até ao fim. Ilações? Acima de tudo, temos de acabar o jogo com 11. 11 para 11 é sempre mais fácil, com dez nesta competição torna tudo mais difícil, ainda para mais com penálti. Agora é pensar no Casa Pia numa competição que queremos ganhar. São dias maus, mas virão dias bons”, salientou ainda Rúben Amorim, que quase se esqueceu que o próximo jogo é no domingo para a Taça de Portugal com o Varzim.