O líder do PS esteve, na noite desta segunda-feira, a apresentar o Orçamento do Estado aos socialistas em Lisboa, no cineteatro Capitólio, numa sessão em que as intervenções apontaram ao PSD e onde António Costa pôs o foco — mais uma vez — nas contas certas. Compara mesmo a liberdade energética de que os países europeus precisam para travar a dependência da Rússia com a importância de Portugal se libertar do peso da dívida.

“Investir nas renováveis dá-nos liberdade do ponto de vista energético, mas reduzir a dívida também nos dá liberdade para gastar onde é necessário e não termos de gastar nos juros da divida se não os soubermos controlar”. A frase do socialista e primeiro-ministro vem na lógica que já tem seguido sobre a necessidade “muito importante” de “preservar a credibilidade internacional do país” nesta fase.

“Sempre que há inflação os bancos centrais aumentam significativamente a taxa de juro e os países mais endividados aumentam o seu serviço da dívida. E Portugal tem uma dívida grande e tem de deixar claro que está determinado em continuar a reduzir a dívida, não obstante o apoio às famílias. É fundamental para que os recursos que temos não sejam desperdiçados no pagamento de juros”, disse Costa.

Aqui atira à oposição e ao “seu  dilema”: entre o “não é possível virar a página da austeridade sem sair do euro e o não é possível continuar no euro virando a página da austeridade”. A referência vai para a direita e para a esquerda que o o apoiou no Governo durante os primeiros seis anos de governação. Mas os ataques estiveram sobretudo centrados na direita, com Costa a voltar a ela quando falou na questão das pensões.

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É tema que está atravessado no PS que critica os que já “não discutem a antecipação do suplemento em outubro” nem “quanto os pensionistas vão ganhar em 2023”, mas apenas querem discutir o “aumento de 2024. “Cá estaremos como estamos agora a garantir que haverá em 2023”, afirmou repetindo todos os anos de aumentos das pensões, recuando até 2016, início do seu mandato.

Sobre este tema recorda ainda que “a direita fala de austeridade como se já não se lembrasse” da que aplicou “num momento em que o país não crescia e estava em recessão, cortando salários e as pensões em pagamento”.

Atacou de novo a mesma direita sobre o Acordo de Rendimentos ao dizer que, quando falou na subida de 20% dos salários, “a direita disse que era irrealista e depois irresponsável” e depois, quando o Governo assinou “com a UGT e com as confederações patronais” o acordo, “calaram-se e disseram que o Governo fazia mais do que a sua obrigação”.

Antes do líder tinha já falado o ministro do Ambiente, na qualidade de anfitrião, como presidente da Federação da Área Urbana de Lisboa do PS. Duarte Cordeiro falou sobretudo nas medidas para a área da energia mas também atirou à direita que “cortou salários e pensões pestanejar e que agora aparecem com lágrimas de crocodilo a renegar o seu passado”. O socialista disse que “a direita está à espreita para que a vida piore, a direita espera que a vida piore para todos os portugueses”.

Em matéria de rendimentos, o líder socialista apresentou tabelas e gráficos com as medidas de apoio às famílias garantindo que o rendimento destas vai subir acima da previsão da inflação. Também fez a conta aos aumentos do salário mínimo que promoveu durante a sua governação e fazendo já projeções para o futuro, garantindo que “subida será ainda maior e que neste 11 anos de governação, de 2015 a 2026 o salário mínimo nacional vai subir 78% e a remuneração media 50%”.

Encerrou a intervenção perante os socialistas de Lisboa dizendo que o PS “continuará a governar até outubro de 2026” e que espera que, “nessa altura, continue a merecer a confiança dos portugueses”.