A atleta iraniana Elnaz Rekabi, que concorreu sem o hijab na final das Competições de Escalada da Ásia na Coreia da Sul, divulgou, esta terça-feira, uma mensagem nas suas redes sociais a referir que está bem e de regresso ao seu país. “Peço desculpa pela preocupação causada. Estou agora a regressar ao Irão, conforme estava acordado.”
Na mensagem nas redes sociais citada pela Reuters, Elnaz Rekabi dá ainda conta de que “não foi intencional” o facto de não ter usado o véu islâmico durante a competição em Seul. “Fui chamada para escalar de forma imprevista”, explicou. A agência de notícias acrescenta que o véu lhe caiu e não foi uma manifestação de apoio aos protestos no Irão contra a morte de Masha Amini, detida pela polícia de costumes por não usar devidamente o hijab.
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Esta mensagem nas redes sociais surge após terem surgido notícias de que a atleta teria sido retida na embaixada do Irão em Seul. A informação foi avançada pelo órgão de comunicação social Iranwire, que dava conta de que a atleta seria transferida assim que chegasse ao aeroporto de Teerão para a prisão Evin, onde está a maioria dos dissidentes políticos iranianos.
De acordo com o Iranwire, jornal anti-regime, o presidente da Federação de Escalada iraniano, Reza Zarei, teria marcado um encontro com a atleta na embaixada iraniana em Seul, após ter alegadamente recebido ordens do Corpo dos Guardas da Revolução Islâmica.
Reza Zarei teria prometido que Elnaz Rekabi poderia regressar ao Irão rapidamente e sem quaisquer riscos de detenção associados. Mas, de acordo com o jornal, teria sido uma armadilha para a reter na embaixada e depois detê-la assim que chegasse a Teerão.
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A BBC persa adiantava que os amigos da atleta não sabiam do seu paradeiro desde domingo. Além disso, afirmava que o passaporte e o telemóvel de Elnaz Rekabi lhe foram retirados assim que chegou à embaixada.
No entanto, a embaixada do Irão em Seul sempre rejeitou a versão noticiada pelo Iranwire e pela BBC persa. No Twitter, o corpo diplomático refere que “Elnaz Rekabi partiu de Seul para o Irão, no início da manhã de 18 de outubro, com outros membros da equipa”.
“A embaixada da República Islâmica na Coreia do Sul rejeita todas as notícias falsas e desinformação sobre Elnaz Rekabi”, lê-se ainda no tweet.
Ms. Elnaz REKABI, departed from Seoul to Iran, early morning of October 18, 2022, along with the other members of the Team.
The Embassy of the Islamic Republic of Iran in South Korea strongly denies all the fake, false news and disinformation regarding Ms. Elnaz REKABI. pic.twitter.com/053pFWs96m— Iran embassy in Seoul (@IraninSKorea) October 18, 2022
Na origem da possível manifestação, estava o facto de Amini, de 22 anos, ter morido a 16 de setembro depois de sido detida durante três dias pela chamada polícia moral em Teerão, por alegadamente, ter usado o véu islâmico de forma errada.
A sua morte provocou protestos que se têm multiplicado e se transformaram em grandes mobilizações, com mulheres a queimar véus, apesar das fortes repressões das forças de segurança.
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Os confrontos causaram 41 mortes, de acordo com uma contagem apresentada pela televisão estatal na semana passada, mas a organização não-governamental Iran Human Rights, com sede em Oslo, estima o número atinja os 92.
Notícia atualizada às 11h39