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O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, alertou que a Rússia está a preparar um “desastre de larga escala” no sul da Ucrânia, acusando as forças russas de ter minado a barragem e algumas unidades da central hidroelétrica de Kakhovka, na região de Kherson.
No habitual discurso, Zelensky disse que com este “ataque terrorista” as forças russas podem acabar por destruir a possibilidade de fornecer água do rio Dnipro à Crimeia. “No caso da destruição da barragem de Kakhovka, o Canal da Crimeia do Norte simplesmente desaparecerá”, denunciou.
O líder ucraniano considera que se a Rússia está a pensar seriamente neste cenário, significa que está ciente de que não é capaz de manter o controlo de Kherson, nem do sul da Ucrânia, incluindo a península da Crimeia (anexada em 2014).
“Devemos todos juntos – os europeus, líderes mundiais, organizações internacionais – tornar claro ao Estado terrorista que tal ataque à central de Kakhovka vai significar o mesmo que o uso de armas de destruição em massa”, afirmou.
Dirigindo-se esta quinta-feira ao Conselho Europeu, Zelensky já tinha alertado para a possibilidade deste ataque. Avisou que se os russos explodirem a barragem, iriam provocar inundações em mais de 80 localidades e que “centenas, centenas de milhares de pessoas poderiam ser afetadas”.
O Instituto do Estudo da Guerra (ISW) já tinha avisado que a Rússia estaria a planear inundar Kherson através de um ataque de “bandeira falsa” à importante barragem. Segundo o think tank norte-americano, os russos pretendem que a explosão da barragem aparente ser realizada pela Ucrânia, de modo a tirar partido das consequências.
O instituto refere ainda que os russos podem acreditar que a explosão na barragem irá cobrir a sua retirada da margem direita do rio Dnipro, ao impedir ou atrasar os avanços ucranianos através do rio.
Explodir a barragem seria também uma ação devastadora para a rede de energia da Ucrânia, já danificada pelos recentes ataques russos. Segundo o Presidente ucraniano, desde 10 de outubro, 30% das centrais elétricas ucranianas foram destruídas, o que causou “apagões massivos em todo o país” e obrigou a imposição de restrições no fornecimento de eletricidade.
Na quinta-feira, o novo comandante das forças russas na Ucrânia alertou que as autoridades ucranianas estavam a preparar-se para recorrer a “métodos ilegais” de guerra na região de Kherson. Sergei Surovikin disse que existem evidências de que Kiev está a considerar um ataque massivo e indiscriminado com mísseis e artilharia em Kherson, sendo que apontava a central hidroelétrica de Kakhovka como um dos possíveis alvos.
Comandante russo diz que Ucrânia está a preparar-se para usar “métodos ilegais” em Kherson
No mesmo dia, Kirill Stremousov, da administração civil e militar pró-russa de Kherson, indicava que o conflito pode estar prestes a escalar na região. “A batalha por Kherson vai começar num futuro próximo. A população civil é aconselhada, se possível, a deixar a área onde vão decorrer as hostilidades”.
A evacuação de Kherson já começou e, segundo as autoridades cerca de 15.000 pessoas já foram retiradas.