O número foi anunciado no final da cimeira (de dois dias) do Conselho Europeu, em Bruxelas, pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen: 18 mil milhões de euros. É este o valor que se acordou enviar para a Ucrânia no próximo ano de 2023, metade dos quais financiados pela União Europeia.

Em declarações proferidas após o final da cimeira, esta sexta-feira, a presidente da Comissão Europeia apontou: “É muito importante que a Ucrânia tenha um fluxo de rendimento estável e previsível — e precisa de 3 a 4 mil milhões de euros por mês para satisfazer as necessidades básicas”.

Os 18 mil milhões de euros, que se somam aos 19 mil milhões que se estima serem enviados em 2022, vão ser financiados por várias entidades, explicou ainda von der Leyen: “Pela UE, pelos amigos americanos e pelas instituições financeiras”.

A situação na Ucrânia foi um dos principais assuntos em cima da mesa de discussões durante os dois dias da cimeira do Conselho Europeu. Mas não o único. A relação da UE com a China também foi discutida e von der Leyen lembrou que a China “tem um sistema fundamentalmente diferente do nosso — e estamos cientes da natureza dessa rivalidade”.

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Temos de estar muito atentos em termos de eventuais dependências. Aprendemos a lição, com o excesso de dependência dos combustíveis fósseis [da Rússia], e há o risco de dependência nas tecnologias e nas matérias-primas. Temos de reforçar as nossas capacidades e diversificar as nossas cadeias com fornecedores de confiança”.

Nos apoios às famílias e empresas, debate “não foi inteiramente conclusivo”

Em alguns temas, porém, a cimeira do Conselho Europeu terá ficado aquém das expectativas. Pelo menos é o que se depreende das palavras do primeiro-ministro português, António Costa, que no final do Conselho Europeu comentou os eventuais apoios a famílias e empresas dizendo que “infelizmente o debate não foi totalmente conclusivo“.

Foi o debate mais difícil mas que se dirige no bom sentido, que é na necessidade de a Comissão apresentar todas as hipóteses possíveis, com as ferramentas europeias e nacionais, para reforçar o apoio às famílias e às empresas para enfrentar esta crise energética”.

Porém, afirmou o primeiro-ministro português, “ao contrário do que aconteceu em outras ocasiões, foi um debate cordial, construtivo onde todos fizeram um esforço no sentido de aproximar as posições e apesar de ainda não haver conclusões fez-se um caminho na direção certa”.

Esse “caminho” vai no sentido de “uma resposta comum que assegure a competitividade das nossas empresas, a integridade do mercado interno e que não há uma grande desigualdade de capacidade de resposta dos países em função da sua capacidade orçamental mas uma resposta solidária e comum no contexto da UE”, comentou ainda António Costa.

Mas ao início da manhã tinha chegado uma boa notícia: os chefes de Governo e de Estado da União Europeia  concordaram “trabalhar em medidas” para conter os elevados preços da energia, acentuados pela guerra da Ucrânia, anunciava o presidente do Conselho Europeu, depois de longas horas de reunião.

Líderes da UE acordam em trabalhar em medidas para aliviar faturas da energia. Michel e Von der Lyen garantem que serão “visíveis em breve”

Conferência em breve em Berlim. Tema: enviar bens sancionados para a Ucrânia

Quem também falou no final da cimeira foi o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, que notou que ao longo dos dois dias discutiu-se também “a articulação entre a NATO e a UE”, que ainda é necessário apurar.

Notando que houve uma intervenção “de forma virtual” (videochamada) do Presidente da Ucrânia, Zelensky, nesta cimeira, Charles Michel reforçou que é ainda “necessário muito apoio à Ucrânia em termos financeiros, militares, humanitários e políticos”.

O Presidente do Conselho Europeu abordou ainda o “congelamento de bens sancionados”, fundos que serão “usados para a reconstrução da Ucrânia”. E prometeu que “em Berlim haverá em breve uma conferência sobre esta questão”.

Charles Michel apontou ainda que será necessário, futuramente, “dar seguimento” ao processo de candidatura da Ucrânia à UE.