Esta terça-feira, na sequência de uma série de comentários e publicações anti-semitas, a gigante alemã Adidas rompeu a colaboração que mantinha há anos com Kanye West, aka Ye — e abdicou dos cerca de dois mil milhões de euros por ano, cerca de 10% do rendimento anual da empresa, que o “negócio Yeezy” lhe proporcionava —, seguindo o exemplo da Balenciaga, da GAP e do banco JP Morgan, que também cortaram todas as ligações que tinham com o artista.

“O negócio Yeezy termina com efeito imediato”: Adidas rompe parceria de vários anos com Kanye West por causa de “comentários anti-semíticos”

Entretanto, esta quinta-feira foram conhecidas pelo menos outras três ondas de choque provocadas pela cada vez mais ostensiva postura do rapper americano, que no início deste mês se apresentou na Semana da Moda de Paris com uma coleção que incluía uma T-shirt estampada com a frase “White Lives Matter”, em oposição ao movimento antirracista “Black Lives Matter”, e que tem repetidamente feito declarações contra judeus.

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Apesar de manter no seu catálogo os álbuns de Kanye, a Apple Music apagou a playlist que tinha disponível com os maiores êxitos do rapper, noticiou esta quinta-feira a americana Billboard, que associa o apagão (é a negro que surge agora a página onde outrora era possível ouvir os hits do artista) aos comentários anti-semitas que o ex-marido de Kim Kardashian tem publicamente proferido — a publicação não conseguiu, ainda assim, obter um comentário oficial por parte da empresa, nem confirmar essa justificação.

Esta simbólica tomada de posição por parte da Apple Music acontece depois de tanto o serviço de streaming de músicas e vídeos da Apple como o Spotify terem sido pressionados a agir contra o rapper americano, dono de 22 prémios Grammy e o 9.º artista que mais vende em formato digital. Esta terça-feira, Daniel Ek, o CEO do serviço de streaming com sede em Estocolmo, em entrevista à Reuters, descartou essa hipótese e garantiu que, por muito que considere “horríveis” as posições de Kanye West, a sua música, que “não viola as políticas de discurso de ódio” da empresa, continuará a fazer parte do catálogo do Spotify.

“É realmente apenas a sua música, e a sua música não viola a nossa política. Cabe à sua editora, decidir se quer ou não tomar medidas”, disse Daniel Ek.

Quem não pensou da mesma forma foi a Peloton, empresa de fitness em casa por subscrição, tornada mundialmente famosa no ano passado (e não pelos melhores motivos), pela sequela da série “Sexo e a Cidade”, que decidiu colocar em “pausa” as músicas de Kanye West na sua plataforma.

“Levamos esta questão muito a sério e podemos confirmar que a Peloton pausou indefinidamente a utilização da música de Kanye West na nossa plataforma. Isto significa que os nossos instrutores já não estão a utilizar a sua música em nenhuma aula recentemente produzida e não estamos a sugerir nenhuma aula que inclua a sua música nas nossas recomendações proativas aos membros. Saibam que esta foi uma decisão que tomámos imediatamente após os comentários dele”, anunciou a empresa em comunicado divulgado esta quarta-feira, horas depois de Alex Toussaint, um dos mais famosos instrutores da Peloton, ter dito publicamente que faria o mesmo.

Entretanto, deste lado do Atlântico, o Museu Madame Tussauds, em Londres, também decidiu reagir e retirou da exposição a figura de cera do artista, de 45 anos, exposta pela primeira vez em 2015, ainda Kanye era casado com a mais famosa das irmãs Kardashian — e não tinha decidido alterar legalmente o seu nome para Ye.

“A figura de Ye foi retirada do piso de exposição para o nosso arquivo”, disse ao Guardian uma porta-voz do Madame Tussauds de Londres. “Cada figura tem de ganhar o seu lugar na Madame Tussauds London e nós ouvimos os nossos convidados e o público sobre quem eles esperam ver na exposição.”