O Mitsubishi Lancer Evolution é um dos desportivos mais respeitados do mercado, especialmente para aqueles que eram fãs dos ralis do Campeonato do Mundo nos anos 90. O construtor nipónico concebeu 10 versões, que organizou por numeração romana e a sua reputação ficou sobretudo a dever-se aos cinco títulos de Campeão do Mundo de Ralis que conquistou, sendo que quatro eram relativos aos pilotos e um aos construtores.

Entre 1996 e 1999, o Lancer Evo, como também era chamado, venceu quatro títulos consecutivos, sempre com Tommi Mäkinen ao volante, piloto que utilizou no primeiro ano o Evo III, para em 97 dominar a concorrência com o Evo IV, em 98 com o Evo V – ano em que a Mitsubishi dominou igualmente o campeonato reservado às marcas – e, por fim, em 1999 venceu com o Evo VI. O Lancer Evolution, que dominava o Mundial de Ralis em Grupo A, viria ainda a mostrar o seu valor no Grupo N (o PWRC), com o piloto português Armindo Araújo a vencer o Campeonato do Mundo em 2009 (com o Evo IX) e em 2010 (Evo X).

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Se tradicionalmente o Lancer Evolution montava um motor 2.0 sobrealimentado, associado a um sistema de tracção integral sofisticado, o que poucos sabiam é que a Mitsubishi chegou a conceber um Lancer Evolution MIEV em 2005, isto quatro anos antes de o construtor japonês colocar no mercado o seu primeiro veículo eléctrico, o Mitsubishi i-MiEV, produzido de 2009 a 2016, tendo igualmente fabricado os eléctricos Peugeot iOn e Citroën C-Zero, sobre a mesma base.

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A base para o Lancer Evolution MIEV foi o Evo IX, de onde foi retirado o motor, a caixa de velocidades e o sistema de tracção integral. No seu lugar surgiu o pack de baterias com apenas 33,7 kWh, dois inversores (um à frente e outro atrás) e quatro motores, sendo esta a característica mais curiosa. Isto porque cada um destes motores estava montado no cubo de roda e possuía um diâmetro que equivalia a uma jante com 17”, o que obrigava a montar jantes 20” no Mitsubishi.

O peso total do modelo subia para 1590 kg, o que não seria excessivo para a potência total dos quatro motores, cada um a fornecer 50 kW, ou seja, cerca de 68 cv, elevando o total para 272 cv. Mas se este valor não impressiona, sendo similar ao que anunciava a versão de série do Lancer Evo, já o mesmo não acontecia com o binário, uma vez que a versão eléctrica anunciava uma “força” total de 2072 Nm, um valor assustador à época e ainda hoje muito respeitável.

A marca nunca partilhou as conclusões a que chegou, mas deverá ter ficado muito insatisfeita com a localização dos motores, na medida em que instalá-los nos cubos de roda liberta espaço no chassi, mas, por outro lado, torna todo o conjunto da roda em algo extremamente pesado, tornando impossível conseguir uma suspensão e um comportamento eficazes. Veja aqui como andava Tommi Mäkinen e o seu Mitsubishi Evo 6.5 em 2001: