Durante dois anos, os serviços de urgência dos cuidados de saúde primários da comunidade de Madrid estiveram encerrados. Isabel Diaz Ayuso, presidente da Comunidade, apresentou um plano de reabertura, mas estas unidades abriram portas com muitas mudanças. Resultado: milhares de madrilenos saíram este domingo à rua e gritaram por um serviço de saúde público para todos e por condições para os profissionais de saúde que trabalham nestas unidades.

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De acordo com o jornal espanhol El País, os dados oficiais, avançados pelo Governo, davam conta de cerca de 200 mil pessoas nas principais ruas da capital espanhola, numa manifestação que confluiu numa das principais praças da cidade, a Praça Cibeles. Mas os números das associações que convocaram a manifestação são muito maiores — apontavam para 670 mil manifestantes de todas as idades e profissões. Aliás, o mesmo jornal conta que, uma hora antes do protesto, que começou ao início da tarde, autocarros e metro estavam completamente cheios.

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O principal alvo desta manifestação é a presidente da comunidade de Madrid e centenas de cartazes mostravam a cara de Ayuso, pediam a sua demissão e acusavam-na de matar o serviço de saúde público. “Não vamos permitir que nos excluas do sistema de saúde”, lê-se num dos cartazes. Entre os manifestantes estiveram os partidos da oposição, como o Más Madrid, o PSOE e o Podemos, e estiveram também várias unidades sindicais. Também o realizador espanhol Pedro Almodóvar esteve presente.

Entre os manifestantes estavam também pessoas que participaram no último grande protesto contra as medidas aplicadas ao setor da saúde, que aconteceu há cerca de 10 anos. Aliás, alguns manifestantes, como conta o El País, usaram este domingo a mesma camisola que vestiram há uma década, numa altura em que protestavam contra a privatização de seis hospitais públicos e de 27 centros de saúde.

Cerca de dez anos depois, a motivação para sair às ruas este domingo é diferente. Primeiro, o plano de reabertura das urgências dos centros de saúde de Madrid foi alterado três vezes em três semanas por Isabel Díaz Ayuso, líder do Partido Popular. E a última alteração indicava que algumas unidades iriam abrir portas apenas com enfermeiros e enfermeiras. Aqui, os médicos atenderiam os utentes através de videoconsultas. Aliás, o número de profissionais de saúde nestas unidades é muito inferior ao que se registava antes da pandemia.

Além disso, antes da reabertura destes serviços, que voltaram à sua atividade no final do mês passado, os profissionais de saúde começaram a receber os respetivos horários e perceberam que estavam destacados para locais que ficavam a vários quilómetros das suas áreas de residência. E depois do anúncio da reabertura das urgências dos cuidados primários, vários médicos pediram a sua demissão.