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Volodymyr Zelensky falou, esta terça-feira, aos líderes mundiais do G20 por vídeoconferência e para lhes levar uma proposta: uma “fórmula ucraniana para a paz”. Mesmo assim, o Presidente ucraniano não esqueceu que essa paz ainda não está no horizonte e avisou: a retirada da Rússia de Kherson pode animar a Ucrânia e os seus aliados, mas o país ainda vai ter de “lutar mais algum tempo”.
Nas declarações em vídeo que fez na cimeira do G20, em Bali (Indonésia), Zelensky detalhou o seu plano para a paz, desafiando Vladimir Putin: “Se a Rússia diz que supostamente quer acabar com esta guerra, que o prove com ações. Não vamos permitir que espere, reorganize as suas tropas, e depois comece uma nova série de terror e desestabilização global”.
Assim, na receita, por pontos, para a paz mundial que apresentou, cabem, em primeiro lugar, prioridades que devem ficar asseguradas, na Europa e no mundo: segurança nuclear e radioativa, segurança alimentar e segurança energética; por outro lado, a libertação de todos os prisioneiros, o regresso à integridade territorial da Ucrânia, a retirada das tropas russas e o fim das hostilidades, uma “reposição da justiça”, e a prevenção de nova escalada.
Por reposição da justiça Zelensky estaria também a referir-se ao ponto aprovado numa resolução da ONU, esta segunda-feira, que condena a agressão russa e prevê que o país seja obrigado a pagar reparações no final da guerra.
Ukraine President Zelensky addressing the G20 summit in Bali. Impassioned yet detailed speech calling for the restoration of peace in and respect for the UN Charter, the principle of territorial integrity in Ukraine. pic.twitter.com/fxsXIpsuKV
— Denis Chaibi (@DubesUniEropa) November 15, 2022
Outro ponto importante é a rejeição, por parte da Ucrânia, de um novo pacto de Minsk — os acordos de paz assinados em 2014 e 2015, que ambas as partes se acusam de quebrar. Segundo Zelensky, assinar um “Minsk-3” não teria grande efeito prático, porque “a Rússia vai violar imediatamente a seguir”.
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Ora foi este ponto que provocou resposta imediata da Rússia: minutos depois, o porta-voz do Kremlin já vinha a público, citado pela agência russa RIA Novosti, dizer que a rejeição de um novo acordo de Misk é a prova de que a Ucrânia não está verdadeiramente interessada em negociar a paz.
Depois, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, foi mais duro, acusando a Ucrânia de não estar “disposta a ouvir conselhos” e de colocar condições “irrealistas” na sua “fórmula de paz”, de acordo com declarações citadas pela AFP.
Putin não esteve presente no encontro do G20, embora a Rússia se tenha feito representar por Lavrov. Também por isso, Zelensky fez questão de se referir, durante toda a sua intervenção, ao G20 como apenas “G19”.
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O Presidente ucraniano deixou um apelo para que sejam impostas “restrições” aos preços das fontes de energia importadas da Rússia e para que seja alargado o acordo que termina este sábado para permitir exportações de cereais ucranianos (que estavam bloqueadas pela Rússia).
Já depois da guerra, argumentou, deverá ser criado um tribunal especial e deve ser preparado um acordo que preveja a segurança da Ucrânia, confirmando o fim do conflito, e assinado pelas duas partes.
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Zelensky deixou ainda um último apelo: “Devemos fazer uma conferência internacional para cimentar elementos-chave da arquitetura de segurança pós-guerra no espaço euro-atlântico para impedir agressões recorrentes da Rússia”.
Depois, o aviso, que serve tanto para a Ucrânia como para os aliados que a apoiam e lhe fornecem ajudas, como armas: “Para libertar o território ucraniano, teremos de lutar por mais algum tempo”.
Aos seus homólogos, Zelensky defendeu ainda que a Ucrânia não deve ser obrigada a comprometer a sua “consciência, soberania, território ou independência” e que para isso a Rússia deve reconhecer a integridade territorial do país e o controlo ucraniano de todas as fronteiras com o país de Putin, uma realidade que, a julgar pela reação do Kremlin, estará bem longe de acontecer.