Siga o tema guerra na Ucrânia neste nosso liveblog

Volodymyr Zelensky falou, esta terça-feira, aos líderes mundiais do G20 por vídeoconferência e para lhes levar uma proposta: uma “fórmula ucraniana para a paz”. Mesmo assim, o Presidente ucraniano não esqueceu que essa paz ainda não está no horizonte e avisou: a retirada da Rússia de Kherson pode animar a Ucrânia e os seus aliados, mas o país ainda vai ter de “lutar mais algum tempo”.

Nas declarações em vídeo que fez na cimeira do G20, em Bali (Indonésia), Zelensky detalhou o seu plano para a paz, desafiando Vladimir Putin: “Se a Rússia diz que supostamente quer acabar com esta guerra, que o prove com ações. Não vamos permitir que espere, reorganize as suas tropas, e depois comece uma nova série de terror e desestabilização global”.

Assim, na receita, por pontos, para a paz mundial que apresentou, cabem, em primeiro lugar, prioridades que devem ficar asseguradas, na Europa e no mundo: segurança nuclear e radioativa, segurança alimentar e segurança energética; por outro lado, a libertação de todos os prisioneiros, o regresso à integridade territorial da Ucrânia, a retirada das tropas russas e o fim das hostilidades, uma “reposição da justiça”,  e a prevenção de nova escalada.

Por reposição da justiça Zelensky estaria também a referir-se ao ponto aprovado numa resolução da ONU, esta segunda-feira, que condena a agressão russa e prevê que o país seja obrigado a pagar reparações no final da guerra.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Outro ponto importante é a rejeição, por parte da Ucrânia, de um novo pacto de Minsk — os acordos de paz assinados em 2014 e 2015, que ambas as partes se acusam de quebrar. Segundo Zelensky, assinar um “Minsk-3” não teria grande efeito prático, porque “a Rússia vai violar imediatamente a seguir”.

O dia em que Vladimir Putin matou os Acordos de Minsk — e abriu a porta a uma possível guerra

Ora foi este ponto que provocou resposta imediata da Rússia: minutos depois, o porta-voz do Kremlin já vinha a público, citado pela agência russa RIA Novosti, dizer que a rejeição de um novo acordo de Misk é a prova de que a Ucrânia não está verdadeiramente interessada em negociar a paz.

Depois, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, foi mais duro, acusando a Ucrânia de não estar  “disposta a ouvir conselhos” e de colocar condições “irrealistas” na sua “fórmula de paz”, de acordo com declarações citadas pela AFP.

Putin não esteve presente no encontro do G20, embora a Rússia se tenha feito representar por Lavrov. Também por isso, Zelensky fez questão de se referir, durante toda a sua intervenção, ao G20 como apenas “G19”.

Ucrânia quer desbloquear exportações e acordo para fim da guerra

O Presidente ucraniano deixou um apelo para que sejam impostas “restrições” aos preços das fontes de energia importadas da Rússia e para que seja alargado o acordo que termina este sábado para permitir exportações de cereais ucranianos (que estavam bloqueadas pela Rússia).

Já depois da guerra, argumentou, deverá ser criado um tribunal especial e deve ser preparado um acordo que preveja a segurança da Ucrânia, confirmando o fim do conflito, e assinado pelas duas partes.

Guterres otimista sobre renovação do acordo de exportação de cereais russos e ucranianos

Zelensky deixou ainda um último apelo: “Devemos fazer uma conferência internacional para cimentar elementos-chave da arquitetura de segurança pós-guerra no espaço euro-atlântico para impedir agressões recorrentes da Rússia”.

Depois, o aviso, que serve tanto para a Ucrânia como para os aliados que a apoiam e lhe fornecem ajudas, como armas: “Para libertar o território ucraniano, teremos de lutar por mais algum tempo”.

Aos seus homólogos, Zelensky defendeu ainda que a Ucrânia não deve ser obrigada a comprometer a sua “consciência, soberania, território ou independência” e que para isso a Rússia deve reconhecer a integridade territorial do país e o controlo ucraniano de todas as fronteiras com o país de Putin, uma realidade que, a julgar pela reação do Kremlin, estará bem longe de acontecer.