História
É uma saciante viagem pelo imaginário de uma lota de peixe. À entrada, onde antes ficava o antigo Rabo d’Pêxe, o primeiro contacto é com uma barra de inox e tabuleiros de peixe sobre gelo. Depois, num corredor escuro, o armazém, com as características caixas cor de laranja, boias e duas boxes que sentam o total de oito pessoas. Seguimos caminho, a luz começa a aproximar-se. Temos o vislumbre de uma nova área, mas antes surge a montra de peixe fresco, que ali pode ser selecionado, pesado, cabendo ainda ao cliente optar pelo seu modo de confeção.
Por fim, a sala de refeições, o derradeiro restaurante, que nos lembra uma praia. Mas não: estamos na Lota d’Ávila, a nova marisqueira moderna das Avenidas Novas, no centro de Lisboa, de portas abertas desde 21 de novembro. Do grupo Paradigma (o mesmo que lançou o Ofício, restaurante que acaba de ser distinguido com um Bib Gourmand), tem nos comandos o chef Vasco Lello, já bem habituado à esgrima do peixe, não tivesse estado um bom par de anos com o grupo Sea Me. É um projeto que não exclui: tem opções para os que preferem a abordagem mais clássica ao peixe e aos frutos do mar, mas inclui também propostas para os que gostam da surpresa compreendida na cozinha de autor.
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▲ Vasco Lello foi chef executivo no Memmo Príncipe Real, e, entre 2019 e 2022, no grupo Seame.
Luis Ferraz
Espaço
Já lhe fomos dando algumas pistas. São 500 metros quadrados, que sentam 108 pessoas, repartidos por barra, esplanada exterior, terraço interior e sala de jantar. À entrada é possível vermos a equipa, ali vestida a rigor, com aventais de borracha, a manusear os mariscos frescos, que se exibem nas pistas de gelo, com preço incluído. Passado o tal corredor, vislumbramos a cozinha aberta, que termina com o brilho, naquele dia, do robalo, do salmonete, da garoupa, do pargo fresco ou do carabineiro. É lá que cumprimentamos o chef Vasco Lello, que mais tarde nos vem fazer companhia à mesa.
Antes de entrarmos na sala de refeições, do chão ao teto, vemos prateleiras quadradas, onde se armazenam os babetes bordados com”capitão” e “capitã” — e que mais tarde acabam por se segurar nos nossos pescoços para uma refeição relaxada, sem o receio de um regresso à redação manchado do saboroso suco do marisco.
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▲ A Lota d'Ávila tem 500 metros quadrados e senta 108 pessoas.
Luis Ferraz
Abandonamos o mar e chegamos ao areal, mais concretamente, à muito ampla e luminosa sala de refeições, onde vários elementos se destacam: o néon “lotaria”, acima do bar de onde saem os cocktails, as cores neutras, em tom de areia, a conjugar com as riscas que remetem para a imagética do mar e dos marinhos, as que forram os sofás e as cadeiras onde nos sentamos. Lá fora, um terraço para os dias de sol e, noutra secção, também ao ar livre, um zona para crianças, uma espécie de mini-parque infantil para entreter os que ainda não apreciam as longas horas à mesa.
Comida
Uma carta que se faz da boa matéria-prima do mar português, oriunda de todo o país, desde os Açores, Peniche, Algarve ou Setúbal, explica Vasco Lello, que aqui une à abordagem mais clássica — o peixe e marisco do dia (ao natural, grelhado, cozido, ao sal, como o cliente escolher), as mariscadas e paellas e pratos clássicos —, as propostas de uma cozinha mais criativa.
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▲ Ostras da Lota d'Ávila; lírio fumado; choco frito com maionese de sésamo preto e lima; tártaro de atum com tostas e pão alentejano;
Luis Ferraz
A viagem começa com o couvert, aqui Lastro (5,5€), composto por pão de fermentação natural, com manteiga e patê, seguindo depois com ostras em duas versões distintas, que representam as duas perspetivas da marisqueira moderna: ao natural (3€ a unidade) e Da Lota D’Avila (4€ a unidade), com puré de aipo, ovas de salmão, dashi e cebolinho. Naquele dia vinham de Aveiro, mas também é possível que sejam oriundas do Sado ou da Ria Formosa.
O croquete de sapateira com molho tártaro (3,5€ unidade) será possivelmente um dos bestsellers da casa, assim como o crocante choco frito com maionese de sésamo preto e lima (12,5€). O lírio fumado com amêndoa do Algarve e laranja (11,5€) faz a sua atuação: o peixe é lentamente revelado, à medida que o fumo, que surge quando a tampa é retirada, se dissipa no ar. Depois, a surpresa do chef: um carapau pescado nos Açores, acabado de fumar, com uma burrata cremosa.
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Luis Ferraz
Do capítulo Mar Direito passamos ao Além Mar com a paella negra de choco, polvo e lula (55€), uma das três disponíveis na carta — por provar ficaram a paella da terra com cabrito assado (60€) e a paella do mar com lavagante (85€).
Estamos satisfeitos e saltamos o clássico prego do lombo com chips (10€), umas das poucas opções com carne neste menu (é possível que venha a surgir um bife, prevê o chef). Mas vamos às sobremesas, que repartimos por todos: mousse de queijo, framboesas e cookie crumble (5€), rabanada de brioche e gelado de tomilho (5€) e folhado de amêndoa e fava tonka (6€).
O que interessa saber:
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Nome: Lota d’Ávila
Abriu: 21 de novembro
Onde fica: Avenida Duque d’Ávila, 42 B
O que é: uma marisqueira moderna
Quem manda: o projeto é do grupo Paradigma; ao leme na cozinha está o chef Vasco Lello
Uma dica: croquete de sapateira, choco frito e lírio fumado são obrigatórios
Contacto: 925 906 950/hello@lotadavila.pt
Horário: Terça-feira a quinta-feira e domingo, das 12h30 às 15h30 e das 18h30 às 23h; sexta-feira e sábado, das 12h30 às 15h30 e das 18h30h à 01h (soft opening). Domingo a quinta-feira, 12h às 23h. Sexta-feira e sábado, das 12h à 1h.
“Cuidado, está quente” é uma rubrica do Observador onde se dão a conhecer novos (e renovados) restaurantes.