Foram precisos mil pneus. Mil pneus para que o artista plástico português Artur Bordalo, conhecido no meio artístico por Bordalo II, realizasse a obra de grande impacto e que está patente na exposição “Evilution”, no Edu HUB Lisbon, até ao dia 11 de Dezembro. Uma escultura de um animal, mais precisamente um panda gigante, que sobressai num mosaico colorido composto por pneus reciclados.

Temos pois aqui a prova de que os pneus em fim de vida podem ter outros destinos e utilizações, como serem transformados em obras de arte. E o mais importante é que esta utilização de pneus, que já não cumprem a sua função na estrada, contribuem para uma outra função relevante na sociedade: a economia circular e para a sustentabilidade do planeta.

Esta foi a premissa da qual partiu a Valorpneu para lançar o repto da criação artística a alguns artistas, a partir de pneus usados. Para além da exposição de Bordalo II, outra dupla criativa aceitou o desafio e podemos também observar o resultado final no exterior do Museu da Eletricidade, com uma obra que faz parte da exposição “Retroactive” inserida na Trienal de Arquitetura de Lisboa. A instalação, com a curadoria dos arquitectos Loreta Castro Reguera e José Pablo Ambrosi será visível até ao dia 5 de Dezembro e teve como principio demonstrar que o pneu pode ser usado como material de construção, uma técnica bastante desenvolvida no país destes profissionais, o México. A obra pretende aproximar o público do conceito e criar um espaço de lazer a ser desfrutado pelos visitantes.

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As muitas vidas de um só pneu

O pneu do seu automóvel pode, por isso, vir a ser uma obra artística patente num museu ou galeria ou, quem sabe ser utilizado em outras formas de arte como o piso de um campo de futebol ou até o revestimento acústico de um estúdio de música. O granulado de borracha – o composto que resulta do processo de reciclagem de pneus, realizado pelos operadores do Sistema Integrado de Gestão de Pneus Usados (SGPU) – , apresenta como produtos finais o pó e borracha reciclada, o aço e o têxtil. E as suas utilizações são muitas e variadas e, provavelmente, nem imagina as diversas aplicações no nosso dia-a-dia.

E o vizinho que toca bateria?

Quando vai ao parque infantil já pensou porque é que aquele piso é tão confortável para as brincadeiras do seu filho? A utilização de borracha reciclada em pavimentos de parques infantis tem como benefícios a resistência a durabilidade e por isso as crianças saltam, brincam, rebolam com tanta alegria e segurança.

E aquele vizinho que comprou uma bateria e ainda esta a aprender a tocar? O som dos pratos, por vezes, torna-se ensurdecedor, mas um bom isolamento pode resolver a questão: a borracha reciclada em placas de isolamento acústico contribui ainda para a valorização de recursos reciclados em detrimento da exploração dos recursos naturais. E a certeza? Não existirão mais queixas de vizinhos por causa do solo de bateria.

E sabia que os campos sintéticos de futebol são os recintos que mais utilizam o granulado de borracha? Aliás esta solução, para além de mais sustentável, facilita a absorção do impacto e da tracção podendo até proteger contra as eventuais lesões nos jogadores. Por isso é um dos setores que mais aposta neste derivado.

Ao longo dos 20 anos, em que a Valorpneu assumiu este compromisso, os relvados sintéticos (41.7%) têm sido o destino prioritário, seguido dos pavimentos diversos (41%), indústria da borracha (5.5%), indústria de isolamentos (5.3%), misturas betuminosas com borracha utilizadas nas vias rodoviárias e aeroportuárias (2.6%), pisos de hipismo (0.9%) e outros (2.9%).

150 milhões de pneus tratados pela Valorpneu

Só em 2021, foram aplicadas 37.015 toneladas de pó e granulado de borracha, continuando a ser o produto final mais representativo em termos dos pneus transformados (65,8%), enquanto o aço e o têxtil representaram 17,8% e 16,3%, respetivamente. Sobre estes últimos derivados ressalve-se que o aço é vendido a empresas que reciclam metais e o têxtil é passível de valorização energética, substituindo as fontes energéticas tradicionais (petróleo, carvão …) e obtendo alta performance, com total respeito pelas especificações ambientais.

Portugal foi, no entanto, o destino primordial do granulado de pneus reciclados, com uma representatividade de 51,1%, mas a Europa também já recebe este composto que aplica, igualmente, em utilizações diversas.[CS1]

A Valorpneu, gestora dos pneus usados em Portugal e responsável pelo correto encaminhamento dos pneus em fim de vida, começando nos centros da rede de recolha e tendo como destino final a reciclagem, a recauchutagem ou a valorização energética, já tratou, desde o início da sua atividade, cerca de 150 milhões de pneus. E isso representa, em termos de responsabilidade ambiental, uma poupança de 2,5 milhões de toneladas de emissões de CO2 e 80 milhões de GJ evitados.

Por tudo isto, lembre-se: o pneu do seu carro não serve só para percorrer estradas. Quando terminar de circular no asfalto, pode continuar a circular, desta feita, na economia e, sobretudo, contribuindo para um melhor ambiente para todos.

Penso que não reflete o que se pretende dizer e que é necessário clarificar:

Portugal foi o destino primordial do granulado de pneus reciclados produzido no país, com uma representatividade de 51,1%, sendo o restante vendido para a Europa e também para outras partes do mundo, que o aplicam, igualmente, em utilizações diversas.