Os tempos de espera nas urgências dos principais hospitais da capital portuguesa estão este domingo muito acima dos tempos recomendados, de acordo a página do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Pelas 11h30, o tempo de espera para os doentes com pulseira amarela (urgente) no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, o maior hospital do país, estava nas 7 horas e 53 minutos — quando o tempo máximo recomendado de espera para estes utentes é de uma hora. Antes, na manhã deste domingo, o tempo de espera tinha estado acima das oito horas.

Outros grandes hospitais da Grande Lisboa tinham tempos muito acima do recomendado, como é o caso de Vila Franca de Xira (3 horas e 25 minutos) e Loures (2 horas e 21 minutos).

Em Loures, o Hospital Beatriz Ângelo chegou mesmo a ter a urgência encerrada aos doentes encaminhados pela INEM. A urgência foi encerrada a estes doentes ao início da noite de sábado e reabriu às 8h deste domingo.

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Em causa esteve um “aumento da afluência de doentes” e os “constrangimentos no preenchimento das escalas médicas do serviço de urgência” do hospital, que obrigou a um “desvio de doentes” para outros hospitais até à manhã deste domingo.

Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, fechou urgências a doentes encaminhados pelo INEM esta noite

Em declarações à Rádio Observador, o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos, Jorge Roque da Cunha, explicou que uma situação semelhante se verificou no Hospital Garcia de Orta, em Almada, que também não recebeu doentes do INEM durante a noite.

“Existe um problema estrutural no nosso país”, afirmou Roque da Cunha, salientando que as notícias sobre o caos nas urgências, “de tanto repetidas, muitas vezes deixam de estar ao nível da preocupação”.

“O Governo sabe que no país, cerca de 60% das urgências são garantidas por colegas que são prestadores de serviço. Sabe que em muitos hospitais as escalas estão abaixo dos mínimos”, disse o sindicalista.

Urgências. Horas de espera são “problema estrutural”. As críticas do Presidente do Sindicato Independente dos Médicos

Jorge Roque da Cunha ilustrou com a sua situação concreta: “No feriado passado fiz atendimento ao utente sem médico em Moscavide. Ao chegar às 9h45, estavam 250 pessoas quando estamos três médicos e só podemos garantir o acompanhamento a 90 desses doentes.”

Para o sindicalista, um dos principais problemas que contribuem para a pressão sobre as urgências nos hospitais da Grande Lisboa é a existência de cerca de um milhão de pessoas sem médico de família na região.

Roque da Cunha deixou também críticas ao ministro da Saúde, Manuel Pizarro, acusando-o de saber dos problemas estruturais no sistema de saúde e pedindo-lhe que procure soluções.

Por outro lado, registam-se também problemas no Hospital de São Bernardo, em Setúbal, onde foram verificados “constrangimentos” no atendimento de doentes no Serviço de Urgência Geral, situação que se deverá manter até às 20h00 deste domingo, revelou a Câmara de Setúbal.

Fonte oficial do Centro Hospitalar de Setúbal confirmou à agência Lusa que a Urgência Geral está a funcionar com constrangimentos e que os doentes estão a ser encaminhados para outras unidades hospitalares pelo Centro de Atendimento de Doentes Urgentes (CODU).

Segundo a Câmara de Setúbal, o CODU referiu que o Hospital de São Bernardo, que integra o Centro Hospitalar de Setúbal, está com constrangimentos no Serviço de Urgência Geral desde as 09:45, prevendo que a situação se mantenha até às 20h00 de domingo.

Fonte do município sadino revelou também que o Serviço de Urgência de Ginecologia/Obstetrícia do Hospital de São Bernardo também esteve com “constrangimentos” nos últimos dias, situação que, segundo a previsão do hospital, só terá terminado às 9h00 de domingo.

De acordo com o Centro Hospitalar de Setúbal, neste momento, a “Urgência de Ginecologia está a funcionar normalmente”.

A Câmara de Setúbal referiu ainda que, na passada quarta-feira, pediu uma reunião ao Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Setúbal para analisar estes problemas, pedido que até ao momento não obteve resposta.