Um dos vencedores do Prémio Nobel da Paz, Yan Rachinsky, diz ter recebido ordens do Kremlin para não receber o prémio porque os restantes laureados — uma organização ucraniana e outra bielorrussa, ambas dedicadas à defesa dos direitos humanos — eram consideradas “inapropriados”.

Yan Rachinsky é o líder da Memorial, que também se dedica ao ativismo pelos direitos humanos, mesmo depois de ter sido perseguida pelo regime de Vladimir Putin. Numa entrevista à BBC, o ativista afirmou que a Memorial foi “aconselhada” a recusar o prémio: “Naturalmente, não considerámos este aviso.”

O líder da organização garante que a Memorial continua a funcionar apesar das ameaças do Kremlin à segurança de Yan Rachinsky. “Na Rússia de hoje, a segurança pessoal de ninguém pode ser garantida“, denunciou: “Muitos foram mortos. Mas sabemos a que leva a impunidade do estado… Precisamos de sair dessa cova de alguma forma.”

Nobel da Paz vai para ativista bielorrusso Ales Bialiatski e duas organizações de direitos humanos, uma russa e outra ucraniana

Memorial, criada em 1987 por ativistas de direitos humanos da antiga União Soviética para conservar a memória das vítimas da opressão do regime comunista, mereceu o prémio do Comité Nobel Norueguês porque “enfrentar crimes passados é essencial para prevenir novos“.

A organização combate o militarismo, promove os direitos humanos e defende um governo baseado em Estado de Direito. Durante a guerra na Chechénia, a Memorial “reuniu e verificou informações sobre abusos e crimes de guerra perpetrados contra a população por forças russas e pró-russas”. Natalia Estemirova, líder da Memorial naquela região, foi morta em 2009 por causa desses esforços.

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