No domingo, quando disputar a final do Mundial de Futebol contra a Argentina, a França poderá ter três baixas na equipa: Dayot Upamecano, Adrien Rabiot e Kingsley Coman. Os dois primeiros falharam o jogo com Marrocos por causa da doença, mas o treinador Didier Deschamps acredita que há tempo suficiente para todos se recuperarem e jogarem a final no Qatar.

O problema é que o vírus que afetou os três jogadores pode espalhar-se pelo resto da seleção francesa. Ao contrário do que chegou a ser dito, os jogadores não ficaram febris por causa do ar condicionado. Foram infetados pelo vírus da Gripe do Camelo, contagioso e com uma enorme taxa de mortalidade.

O número de casos tem aumentado no Qatar durante o Mundial. No Reino Unido, foram emitidas orientações específicas para que os profissionais de saúde estejam atentos a adeptos que regressam daquela parte do mundo com sintomas de Gripe de Camelo.

O que é a Gripe do Camelo?

Tal como outras doenças, esta gripe ganhou o nome do seu hospedeiro, o camelo. O nome oficial é síndrome respiratória do Médio Oriente (MERS) e trata-se de uma doença respiratória viral.

O que causa a doença?

Tal como a Covid-19, a Gripe do Camelo é provocada por um coronavírus. Neste caso, é o coronavírus da síndrome respiratória do Médio Oriente — conhecido pela sigla MERS-CoV. Tal como aconteceu com a Covid-19, a doença começou por ser passada ao homem por um animal (salto zoonótico), sendo o camelo o seu hospedeiro habitual.

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É a primeira vez que aparece?

Não. O MERS-CoV foi identificado pela primeira vez há dez anos, em 2012, na Arábia Saudita

É um vírus mortal?

Desde 2012 foram confirmados cerca de 2.600 casos em laboratório. Destes, 1.000 terminaram em morte, o que demonstra que este coronavírus tem uma taxa de mortalidade bastante elevada (segundo estes valores rondaria os 38%). Os valores confirmados pela OMS, no seu site, são ligeiramente inferiores: “Aproximadamente 35% dos casos de MERS relatados à OMS morreram.”

Onde é que já houve casos de Gripe de Camelos?

A maioria dos casos, cerca de 80%, foram detetados na Arábia Saudita. Desde 2012, chegaram alertas à OMS vindos de: Argélia, Áustria, Bahrein, China, Egito, França, Alemanha, Grécia, República Islâmica do Irão, Itália, Jordânia, Kuwait, Líbano, Malásia, Holanda, Omã, Filipinas, Qatar, República da Coreia, Tailândia, Tunísia, Turquia, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido, Estados Unidos da América e Iémen.

Tudo indica que os casos identificados fora do Médio Oriente foram de viajantes que passaram por aquela região, onde terão sido infetados.

É transmissível de humano para humano?

Sim. Além de poder ser contraído através dos camelos, os humanos podem infetar-se uns aos outros. Há estudos que apontam também para o risco de transmissão aérea. “A transmissão de humano para humano é possível e ocorreu predominantemente entre contactos próximos e em ambientes de assistência à saúde”, explica a OMS. Fora do ambiente de saúde, tem havido transmissão limitada.

Há vacina?

Até à data não foi criada qualquer vacina nem existe nenhum tratamento específico. No entanto, várias vacinas e tratamentos específicos para MERS-CoV estão em desenvolvimento clínico, afirma a Organização Mundial de Saúde. “Na ausência de terapêutica específica para MERS, o tratamento de pacientes com MERS é de suporte e baseado na condição clínica do paciente.”

Quais são os sintomas?

Semelhantes aos de uma gripe. Segundo a Organização Mundial de Saúde, os sintomas típicos incluem febre, tosse e falta de ar. A pneumonia é comum. Também foram relatados sintomas gastrointestinais, como diarreia.

Por outro lado, há casos assintomáticos (sem sintomas), quem contraia doença respiratória aguda grave e quem morra com a doença.