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O ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) considerou esta quarta-feira que a visita do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, aos Estados Unidos, onde vai discursar no Congresso, tem “elevado valor simbólico e político”, mas não deverá mudar o curso da guerra.
“A visita tem elevado valor simbólico e político, reconhece a importância específica que os Estados Unidos da América (EUA) têm tido para a Ucrânia depois da invasão da Rússia, e é uma oportunidade para Zelensky falar ao Congresso, que é fundamental para manter a solidez do apoio americano, que aliás dá todos os sinais de querer prosseguir, através da aprovação de um novo pacote financeiro”, disse João Gomes Cravinho.
Em declarações aos jornalistas à margem do Encontro Anual do Conselho da Diáspora, que decorre esta quarta-feira em Cascais, o chefe da diplomacia portuguesa considerou, no entanto, que o encontro não deverá mudar o curso da guerra.
“Tem elevado valor simbólico e político, mas não vai mudar o curso da guerra”, previu.
Questionado sobre se a visita não poderia agravar o conflito, Gomes Cravinho respondeu que não: “Não vejo razão para isso, porque é extremamente difícil perceber o que motiva as diferentes interpretações da Rússia”.
Nas declarações à margem do encontro da diáspora, o governante salientou ainda que “a Europa e os EUA têm sido muito consistentes no apoio à Ucrânia e essa consistência vai continuar, e a Rússia terá de se habituar a um apoio que não previu desde o princípio, foi um erro de cálculo que continuará até a Rússia reconhecer que cometeu um erro grave ao invadir a Ucrânia”.
Volodymyr Zelensky é esperado esta quarta-feira em Washington, devendo dirigir-se ao Congresso e encontrar-se com Joe Biden na Casa Branca, naquela que deverá ser a sua primeira viagem internacional desde o início da invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro.
A visita a Washington do governante ucraniano deve incluir um discurso perante o Congresso no Capitólio e uma reunião com o Presidente Joe Biden.
Esta viagem ocorre quando os congressistas se preparam para votar um pacote de gastos de fim de ano, que inclui cerca de 45.000 milhões de dólares (cerca de 42.000 milhões de euros) em assistência de emergência à Ucrânia e quando os EUA se preparam para enviar mísseis terra-ar Patriot ao país para ajudar a combater a invasão russa.
Esta medida, caso seja aprovada, será a maior injeção de assistência à Ucrânia pelos EUA e a garantia de que o financiamento possa fluir para o esforço de guerra nos próximos meses.
A presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, encorajou os legisladores a estarem presentes na sessão da noite de quarta-feira.
Zelensky tem-se dirigido quase diariamente a vários parlamentos e organizações internacionais remotamente, através de videoconferência. Já a sua mulher, Olena Zelenska, visitou várias capitais estrangeiras para angariar apoio para enfrentar a invasão russa.
A viagem aos Estados Unidos pode ocorrer um dia depois de Zelensky ter realizado uma visita de alto risco ao que considera ser o ponto mais quente da linha da frente de 1.300 quilómetros, a cidade de Bakhmut, na disputada província de Donetsk, na Ucrânia.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia, e que prossegue, já causou mais de 14 milhões de deslocados, dentro e para fora da Ucrânia.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.755 civis mortos e 10.607 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.