Mark Zuckerberg defendeu em tribunal a aquisição, por parte da Meta, da Within, empresa que desenvolve conteúdos para a realidade virtual. Durante um depoimento de quase duas horas, esta terça-feira, o CEO considerou que a tecnológica está a ajudar a construir uma indústria de realidade virtual emergente e não a querer dominá-la.
O depoimento surge no seguimento de uma queixa anti-concorrencial que a Comissão Federal de Comércio (FTC) fez por acreditar que a Meta já é demasiado grande para o espaço da realidade virtual, área que quer “dominar”. O regulador norte-americano quer travar a aquisição, mas Zuckerberg argumentou, de acordo com a agência Reuters, que comprar a Within não é “muito crucial” para as ambições da Meta, que se concentram principalmente na construção de redes sociais.
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Questionado sobre se a Meta tenta “moldar o futuro da tecnologia”, o empresário hesitou perante uma afirmação que considerou ser “bastante geral”, mas acabou por dizer que “sim”. O juiz Edward Davila, responsável pelo caso, perguntou também a Zuckerberg a razão pela qual a Meta pretende continuar com a aquisição. O The Wall Street Journal nota que o empresário disse que a tecnológica precisava de honrar o seu compromisso, especialmente porque pretende trabalhar com empreendedores e fundadores no futuro.
Para Zuckerberg, o “timing” da aquisição foi significativo porque que os negócios da Meta estavam a prosperar e a produzir “lucros em excesso” — o que o levou a procurar investir. O cenário, atualmente, poderá ser diferente, uma vez que a tecnológica anunciou o despedimento de 11 mil pessoas no início de novembro.
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A Within tem uma aplicação de realidade virtual dedicada à área de fitness, a Supernatural — que a FTC considera ser “popular”. Um dos advogados do regulador insinuou, em tribunal, segundo o The New York Times, que Zuckerberg queria dominar o mercado de aplicações de fitness de realidade virtual, pois essa área levaria mais mulheres e mais pessoas mais velhas para o metaverso — permitindo que os produtos de realidade virtual da Meta se impusessem entre a população em geral.
O CEO da Meta contrariou esses argumentos defendendo que perspetiva de não adquirir a Supernatural não o mantém acordado à noite. Além disso, afirmou que, embora as aplicações de fitness possam funcionar bem na realidade virtual, essas não são o seu foco. Para Zuckerberg, na ‘primeira linha’ da realidade virtual estão os jogos e a comunicação.
Com a consideração de que a aquisição pode limitar a concorrência futura num setor que ainda está a crescer, o regulador norte-americano procura uma medida judicial provisória (como se fosse providência cautelar) para travar a aquisição da Within. A Meta concordou em adiar o fecho da compra para garantir que o tribunal tem tempo suficiente para decidir sobre o pedido da FTC. Este adiamento dura até à realização de uma destas duas situações: até ao dia 31 de janeiro ou até ao primeiro dia útil após a decisão do tribunal, sendo que não existe mais nenhuma audiência marcada.