O ex-diretor do Hospital Militar de Belém Esmeraldo Alfarroba disse esta quinta-feira que a falta de pessoal no Hospital das Forças Armadas “não é nova” e apelou ao Governo e ao Presidente da República para resolverem a situação.

“Já vivemos isto várias vezes antes. Quando não há um certo respeito da parte de quem governa, não há respeito para com a estrutura, isto ocorre. Por vezes respostas afirmativas vêm tarde, as pessoas vão embora, perde-se o espírito de equipa ou as pessoas vão para outras funções”, lamentou o major-general, aposentado.

O médico pneumologista, que foi diretor do Hospital Militar de Belém entre 1998 e 2002 e do Hospital Militar Principal entre 2008 e 2009, lamentou os dados neste dia avançados pelo DN e Correio da Manhã, aos quais a Lusa teve hoje acesso, segundo os quais o HFAR – com polos em Lisboa e Porto – pode incorrer numa situação crítica “se não for autorizada a contratação de prestação de serviços na modalidade de avença” para o próximo ano de 222 profissionais “que representam cerca de 15% do universo de 1.400 trabalhadores do HFAR”.

Pedindo ao Governo que resolva a situação, o general apelou também ao Presidente da República e Comandante Supremo das Forças Armadas, Marcelo Rebelo de Sousa, destacando que os militares estiveram na primeira linha do combate à covid-19.

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“Deixar acontecer uma coisa destas é de evitar a todo o custo e chegar ao ponto de darem a conhecer a situação, como está a ser dada nos órgãos de comunicação social neste dia, é mau“, defendeu.

O general Esmeraldo Alfarroba disse que a direção do hospital “fez um levantamento de todas as necessidades de uma forma séria e honesta” e salientou que a situação de défice de recursos humanos “não é nova”.

O médico militar referiu ainda que o quadro orgânico de pessoal do Hospital das Forças Armadas “nunca foi preenchido completamente”.

Faltam elementos na ordem de défice de 39%. Faltam quase metade dos militares e falta uma grande percentagem de civis. (…) Uma falta deste nível, 39% é imenso”, disse.

Questionado pela agência Lusa, o Ministério da Defesa Nacional respondeu que “os contratos relativos aos processos do pessoal médico e de enfermagem foram já autorizados” e acrescenta que “está a envidar todos os esforços junto das outras áreas governativas competentes, em articulação com a direção do HFAR e o Estado-Maior-General das Forças Armadas, com vista à autorização dos restantes processos”.