O escritor, gestor e antigo jornalista António Mega Ferreira morreu esta segunda-feira, aos 73 anos. A notícia foi avançada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que emitiu uma nota de condolências no site da presidência.

Destacando o percurso de Mega Ferreira como comissário executivo da Expo’98, e depois à frente do CCB e da Orquestra Metropolitana, Marcelo Rebelo de Sousa descreve o seu “amigo de sempre” como um “esteta, entusiasta, erudito” e “um dos melhores da sua e minha geração”.

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Em declarações aos jornalistas, Marcelo recordou a amizade de longa data com o jornalista e disse estar triste: “Perdi um grande amigo”. “O país perde um homem muito culto, muito inteligente, que escrevia muito bem e era sensível”, acrescentou. “É muito raro encontrar uma pessoa assim tão completa”.

O primeiro-ministro António Costa também destacou o papel de Mega Ferreira na Expo’98, classificando o jornalista como “um dos grandes mentores da Lisboa contemporânea”.

Pedro Adão e Silva, ministro da Cultura, afirmou que Mega Ferreira era “ao mesmo tempo um extraordinário intelectual público e um brilhante gestor cultural”. “Temos pouco essa combinação de um homem de ação com alguém comprometido com o debate público e também um intelectual”, disse, em declarações à Rádio Observador, o atual titular da pasta da Cultura.

O antigo secretário de Estado da Cultura e editor Francisco José Viegas afirmou que esta é “uma notícia muito triste”. “Ficará a marcar a criatividade, como um homem absolutamente genial, em determinados momentos capaz de golpes de asa que marcaram a cultura portuguesa”, afirmou em declarações à Rádio Observador. Descrevendo Mega Ferreira como “um homem do Renascimento”, Viegas diz que o gestor “não via a cultura como apenas um espetáculo” e destacou o seu papel como editor, gestor da Expo’98 e escritor apaixonado por Itália.

Ministro da Cultura recorda Mega Ferreira como um “extraordinário intelectual público e um brilhante gestor”

Por seu turno, o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, quis também deixar a sua “sentida homenagem” ao homem que “imaginou e criou a Expo’98 e revelou sempre uma profunda devoção a Lisboa”.

Já o antigo presidente da Câmara de Lisboa João Soares apontou a “inteligência, cultura e visão” de Mega Ferreira. “Era um entusiasta da televisão do serviço público”, acrescentou, sublinhando o papel do jornalista na informação da RTP2. João Soares destacou ainda a experiência de Mega Ferreira à frente da Expo’98, dizendo que este aprendeu com a má experiência da Expo’92 em Sevilha e fez melhor em Lisboa. “Quisemos que a cidade continuasse para além do evento”.

O presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, agradeceu ao gestor cultural e deixou elogios. “As suas ideias e realizações enriqueceram-nos, levando-nos a olhar de outro modo para o oceano, a história, a literatura e as artes”, escreveu.

A presidente da Fundação José Saramago, Pilar del Río, também já reagiu à notícia. “Era um amigo, um imprescindível”, escreveu, acrescentando que “combateu adversidades com o melhor humor e a ironia mais brilhante”.

Em declarações à TSF, a antiga comissária de Portugal na Expo’98 Simoneta Luz Afonso descreveu Mega Ferreira como “uma pessoa encantadora”, “incansável” e “um homem que conseguiu realizar aquilo que sonhou”.

O embaixador Francisco Seixas da Costa também lamentou a sua morte. Numa publicação no Facebook, Seixas da Costa classificou Mega Ferreira como “uma das figuras intelectuais portuguesas mais brilhantes das últimas décadas” e destacou o seu “extremo mérito, às vezes quase roçando a genialidade”.

António Mega Ferreira foi jornalista no Jornal Novo, no Expresso, em O Jornal e na RTP e foi chefe de redação do Jornal de Letras. Fundou ainda as revistas Ler e Oceanos.

Em setembro deste ano foi galardoado com o Grande Prémio de Literatura de Viagens da APE, pelo seu livro mais recente, “Crónicas italianas” (ed. Sextante). António Mega Ferreira publicou mais de 40 obras literárias, de vários géneros, indo desde a ficção ao ensaio.